Antero de Quental
Antero Tarquínio de Quental foi um escritor e poeta português que teve um papel importante no movimento da Geração de 70.
1842-04-18 Ponta Delgada
1891-09-11 Ponta Delgada
122240
5
21
Prémios e Movimentos
RealismoAlguns Poemas
Biografia
Imagens
Videos
Livros
Poeta e pensador português, natural de Ponta Delgada. Como o próprio Antero referiu numa carta a Cândido de Figueiredo, datada de 3 de Maio de 1881, dez anos antes da sua morte, era oriundo de uma família com antecedentes literários, de que destacava o Padre Bartolomeu de Quental «cujos sermões ainda hoje podem ser lidos com alguma utilidade» e o seu avô, André Ponte de Quental, «poeta nada vulgar» e amigo íntimo de Bocage. Segundo a mesma carta, publicou poemas, artigos e ensaios, entre os dezasseis e os dezassete anos, nos periódicos Prelúdios Literários, O Académico e O Instituto.
Veio para o continente, em 1855, e estudou Direito em Coimbra, entre 1858 e 1864. Em 1863, imprimiu em volume uma colecção de sonetos, com uma pequena tiragem, que ofereceu aos amigos; em 1863, publicou o poema Beatrice; em 1865, a Defesa da Carta Encíclica de S. S. Pio IX e as Odes Modernas, envolvendo-se ainda na agitação académica, particularmente através da organização secreta «Sociedade do Raio», de que era presidente. Datam também deste período as suas manifestações de entusiasmo face aos movimentos sociais europeus, bem como a leitura dos grandes teorizadores do socialismo e dos filósofos da época, nomeadamente Proudhon e Hegel, que muito influenciaram o seu pensamento.
Igualmente, em 1865, e reagindo a Castilho, encabeçou a Questão Coimbrã, tão importante na evolução da cultura portuguesa, publicando Bom Senso e Bom Gosto, carta a Castilho, que teve várias edições em Coimbra e Lisboa, e A Dignidade das Letras e as Literaturas Oficiais, em Lisboa. Aí, defendia já a missão social da poesia por oposição ao lirismo ultra-romântico. Antero ascendeu, assim, a mentor da Geração de 70. Entretanto, e após uma breve passagem pela sua terra natal, veio para Lisboa (1866), partindo depois para Paris, onde desempenhou as funções de tipógrafo, numa tentativa de contactar com o mundo operário real. De regresso a Lisboa, colaborou com José Fontana na elaboração de associações operárias e, ao mesmo tempo, dedicou-se à intervenção revolucionária, escrevendo folhetos propagandísticos e artigos sobre assuntos sociais e literários para o Jornal do Comércio e o Diário Popular, de Lisboa, e para O Primeiro de Janeiro, do Porto. Durante os anos de 1870, 1871 e 1872, fez parte das redacções dos periódicos A República, com Oliveira Martins, Batalha Reis, Eça de Queirós e António Enes, e do Pensamento Social, com Oliveira Martins. Fundou, em 1872, a Associação Fraternidade Operária, representante em Portugal da I Internacional Operária, e publicou, no Porto, Considerações sobre a Filosofia da História Literária Portuguesa e Primaveras Românticas.
A este período de combate, que perdurou até cerca de 1875, esteve também ligada a organização das Conferências do Casino (1871), ciclo da responsabilidade do «Grupo do Cenáculo» (que incluía Eça de Queirós, Ramalho Ortigão e Batalha Reis, entre outros), que Antero elevara a centro de reflexão política, social e cultural. Nas conferências, leu um dos seus textos de análise histórica mais célebres, Causas da Decadência dos Povos Peninsulares nos Últimos Três Séculos, que corresponde aos desejos de transformação do país que animavam a sua geração.
Em 1873, a morte do pai fê-lo regressar aos Açores, dotando-o de uma herança que lhe garantiu uma vida sem problemas económicos. Entretanto, atacado por uma doença estranha (identificada por alguns como psicose maníaco-depressiva), foi obrigado a moderar a sua actividade. Apesar disso, dirigiu ainda, com Batalha Reis, a Revista Ocidental (1875). Iniciou-se então um período de profundo pessimismo, deixando-se Antero dominar por um sentimento de morte e de aniquilação pessoal (e universal), numa espécie de nirvana budista, como única forma de libertação face ao desespero de uma vida que via apenas como ilusão e vazio, e que os seus Sonetos Completos (reunidos em 1886) ilustram. Neste período, que terminou por volta de 1880, publicou ainda no Dois Mundos (publicação de Paris) uma biografia de Michelet.
No ano seguinte, seguiu para Vila do Conde, assumindo a educação das filhas, entretanto órfãs, de Germano Meireles, um seu amigo, e vivendo em relativa calma até ao fim dessa década. Aceitou ainda, em 1890, a presidência da Liga Patriótica do Norte, um dos movimentos de reacção ao Ultimato inglês. Aos seus problemas pessoais e à persistência da doença somava-se a desilusão face ao estado do país. Em 1891, regressou a Ponta Delgada e, nesse mesmo ano, suicidou-se.
A obra de Antero, que reflecte, quer uma evolução, quer a coexistência simultânea de várias facetas da sua personalidade e de um intenso drama interior, é fundamentalmente a de um pensador, de um doutrinário e conceptualizador. Mesmo o sentimento erótico e amoroso, presente em poemas de juventude, acaba por se tornar fundamentalmente alegórico, reflectindo anseios e abstracções, mais do que uma emotividade pessoal do poeta.
Poeta da razão, da revolução, mas também do pessimismo, foi um sonetista exemplar. Em prosa, onde revela grande poder oratório, levou a cabo o melhor da sua obra crítica e doutrinária, na análise da filosofia da história portuguesa (como em Tendências Gerais da Filosofia na Segunda Metade do Século XIX, ensaio publicado, em 1890, na Revista de Portugal, de Eça de Queirós) e na crítica do positivismo então dominante, a que opunha a necessidade de uma consciência espiritual no mundo. A esta concepção está ligada a ideia de santidade que sempre o dominou — não no sentido religioso cristão, mas com expressão no seu espírito combativo, numa epopeia da humanidade e da revolução, na sua fase combativa, e, em princípio e fim de vida, num apelo místico interior.
Pela sua envergadura intelectual, pela perfeição da sua técnica do soneto e pelo seu contributo para a história das ideias, é um dos nomes fundamentais da cultura portuguesa. São suas as obras de poesia Sonetos (1861), Beatrice (1863), Fiat Lux (1863), Odes Modernas (1865), Primaveras Românticas (1872), Sonetos (1881), Sonetos Completos (1886), Raios de Extinta Luz, Poesias Inéditas 1859-1863 (1892), Poesias de Extinta Luz e Outras Poesias (1948) e Versos (1973). No campo do ensaio e da prosa foram editados Prosas (3 volumes, 1923, 1926, 1931), Prosas Dispersas (1967), Prosas da Época de Coimbra (1973) e Cartas (2 volumes) e Filosofia, tendo estas duas últimas obras sido publicadas em 1991, numa edição das Obras Completas organizada pela Universidade dos Açores
Ver também
magui
gosto
14/junho/2021
teresa
muito coeso
14/junho/2021
magui
até fiquei burrra
14/junho/2021
magui
adorei
14/junho/2021
magui
top
14/junho/2021
eu
quem a morte chama?
12/maio/2020
Tina
brutalll
17/março/2020
kiko
bem fixe
19/junho/2019