Álvaro Guerra

Escritor português, natural de Vila Franca de Xira. Manuel Soares, usando o nome literário de Álvaro Guerra como ficcionista, poeta, ensaísta e jornalista, exerceu os cargos de adido cultural e embaixador. Colaborou nas publicações Artes & Letras, Critério e Jornal de Letras, entre outras. Estreou-se na ficção com o romance alegórico Os Mastins (1967), que retrata a estagnação histórica e social de Portugal durante o regime salazarista. Essa primeira fase da sua obra indicia, pela crítica social e pelo regionalismo, algumas influências do romance neo-realista. À sua estreia sucederam-se os romances Disfarce (1969), onde abordou novamente a recente história portuguesa, denunciando as mazelas deixadas pela guerra colonial, e A Lebre (1970). Na colectânea de contos Memória (1971) e principalmente em O Capitão Nemo e Eu (1973), o autor adoptou uma técnica narrativa mais experimental. Entretanto, fez uma breve incursão pela poesia, publicando o livro de poemas Do General ao Cabo Mais Ocidental (1976). Abandonando o experimentalismo das suas últimas obras, regressou às formas mais tradicionais de narração, utilizando, por exemplo, o folhetim oitocentista. Foi o que sucedeu, já na década de 80, com a sua Trilogia dos Cafés, formada por Café República (1982), Café Central (1984) e Café 25 de Abril (1987). O autor debruçou-se sobre a história contemporânea portuguesa nos seus aspectos mais quotidianos, limitando-a cronologicamente ao período que vai da I Guerra Mundial até ao pós-25 de Abril. Nesse conjunto de crónicas romanceadas, o autor denunciou a perda da identidade cultural portuguesa em nome do chamado progresso. Após quatro anos sem publicar qualquer livro, regressou em grande força na década de 90, publicando sucessivamente os romances Crimes Imperfeitos (1990), Razões do Coração (1991) e A Guerra Civil (1993), passado durante as guerras civis de 1828-1834