Charles Bukowski
poeta, contista e romancista estadunidense
1920-08-16 Andernach
1994-03-09 San Pedro
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Tempos Difíceis
quando desci do meu carro no cais
dois homens começaram a caminhar na minha
direção.
um parecia velho e mau e o outro era
grande e sorridente.
ambos usavam
quepes.
eles continuaram andando na minha direção.
eu me preparei.
“tem algo incomodando vocês?”
“não”, disse o cara
velho.
ambos pararam.
“você não se lembra da gente?”
“não tenho certeza...”
“nós pintamos a sua casa.”
“ah, sim... venham comigo, eu pago uma cerveja pra
vocês...”
nós fomos até um café.
“você foi um dos caras mais legais pra quem a gente
já trabalhou...”
“é?”
“é, você ficava nos trazendo cerveja...”
nós ocupamos uma daquelas mesas rústicas
com vista para o porto. nós
sugamos as nossas
cervejas.
“você ainda mora com aquela mulher
novinha?”, perguntou o cara
velho.
“moro. como andam vocês?”
“não tem trabalho agora...”
tirei uma nota de dez e entreguei para o
velho.
“olha só, eu esqueci de dar gorjeta pra vocês...”
“obrigado.”
ficamos ali com a nossa cerveja.
as fábricas de conserva haviam fechado.
o estaleiro havia falido
e estava
no processo de
desmonte.
San Pedro tinha voltado aos
anos 30.
eu terminei minha cerveja.
“bem, rapazes, preciso ir.”
“pra onde você vai?”
“vou comprar uns peixes...”
eu saí andando na direção do mercado de peixes,
me virei na metade do caminho
mandei para eles
um polegar pra cima
com a mão direita.
ambos tiraram seus quepes e
os acenaram.
eu ri, me virei, saí
andando.
às vezes é difícil saber
o que
fazer.
dois homens começaram a caminhar na minha
direção.
um parecia velho e mau e o outro era
grande e sorridente.
ambos usavam
quepes.
eles continuaram andando na minha direção.
eu me preparei.
“tem algo incomodando vocês?”
“não”, disse o cara
velho.
ambos pararam.
“você não se lembra da gente?”
“não tenho certeza...”
“nós pintamos a sua casa.”
“ah, sim... venham comigo, eu pago uma cerveja pra
vocês...”
nós fomos até um café.
“você foi um dos caras mais legais pra quem a gente
já trabalhou...”
“é?”
“é, você ficava nos trazendo cerveja...”
nós ocupamos uma daquelas mesas rústicas
com vista para o porto. nós
sugamos as nossas
cervejas.
“você ainda mora com aquela mulher
novinha?”, perguntou o cara
velho.
“moro. como andam vocês?”
“não tem trabalho agora...”
tirei uma nota de dez e entreguei para o
velho.
“olha só, eu esqueci de dar gorjeta pra vocês...”
“obrigado.”
ficamos ali com a nossa cerveja.
as fábricas de conserva haviam fechado.
o estaleiro havia falido
e estava
no processo de
desmonte.
San Pedro tinha voltado aos
anos 30.
eu terminei minha cerveja.
“bem, rapazes, preciso ir.”
“pra onde você vai?”
“vou comprar uns peixes...”
eu saí andando na direção do mercado de peixes,
me virei na metade do caminho
mandei para eles
um polegar pra cima
com a mão direita.
ambos tiraram seus quepes e
os acenaram.
eu ri, me virei, saí
andando.
às vezes é difícil saber
o que
fazer.
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