Charles Bukowski
poeta, contista e romancista estadunidense
1920-08-16 Andernach
1994-03-09 San Pedro
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Ei, Dolly
ela me deixou há 5 semanas e foi para Utah.
é isto, acho que ela se foi.
dias atrás saí para mandar uma carta para ela
e a vi sentada no banco da parada de ônibus,
era o cabelo dela lá
de costas
e todo o peso desabou de novo sobre mim
apressei o passo e olhei para o seu rosto –
era outra pessoa. sardas, nariz chato, olhos verdes,
nada, nada.
então segui pela Western Avenue indo de bar em bar
e voltei a vê-la na minha frente.
vi aquelas calças coladas, eu conhecia aquele rabo,
e lá estava aquele cabelo de novo,
e o jeito dela de caminhar,
apressei o passo para alcançá-la,
cheguei ao seu lado e olhei seu rosto –
um nariz de índio, olhos azuis, uma boca de sapo –
nada, nada, nada.
então havia uma garota num bar tocando piano.
não era ela mas quando o cabelo caiu de certa maneira,
por um momento, era. e o cabelo tinha o mesmo comprimento
e os lábios eram parecidos mas não os mesmos, e
ela me viu olhando-a enquanto cantava, eu estava bêbado,
claro, ajudou a criar a ilusão, e ela
disse, há alguma em especial que você queira ouvir?
Dolly, eu disse, e ela cantou –
Ei, Dolly...
agora mesmo olhei e ela estava do outro lado da rua.
ela saiu do prédio do outro lado da rua
com um cara loiro e jovem e ficou lá parada de óculos escuros,
e eu pensei, o que ela está fazendo do outro lado da rua de
óculos escuros, e sua risada para mim atravessou a janela
mas ela não me acenou e então entrou no carro com o
jovem, era um carro novo, pequeno e vermelho, caro,
e eles seguiram na direção oeste. desta vez, tenho certeza
que era ela.
é isto, acho que ela se foi.
dias atrás saí para mandar uma carta para ela
e a vi sentada no banco da parada de ônibus,
era o cabelo dela lá
de costas
e todo o peso desabou de novo sobre mim
apressei o passo e olhei para o seu rosto –
era outra pessoa. sardas, nariz chato, olhos verdes,
nada, nada.
então segui pela Western Avenue indo de bar em bar
e voltei a vê-la na minha frente.
vi aquelas calças coladas, eu conhecia aquele rabo,
e lá estava aquele cabelo de novo,
e o jeito dela de caminhar,
apressei o passo para alcançá-la,
cheguei ao seu lado e olhei seu rosto –
um nariz de índio, olhos azuis, uma boca de sapo –
nada, nada, nada.
então havia uma garota num bar tocando piano.
não era ela mas quando o cabelo caiu de certa maneira,
por um momento, era. e o cabelo tinha o mesmo comprimento
e os lábios eram parecidos mas não os mesmos, e
ela me viu olhando-a enquanto cantava, eu estava bêbado,
claro, ajudou a criar a ilusão, e ela
disse, há alguma em especial que você queira ouvir?
Dolly, eu disse, e ela cantou –
Ei, Dolly...
agora mesmo olhei e ela estava do outro lado da rua.
ela saiu do prédio do outro lado da rua
com um cara loiro e jovem e ficou lá parada de óculos escuros,
e eu pensei, o que ela está fazendo do outro lado da rua de
óculos escuros, e sua risada para mim atravessou a janela
mas ela não me acenou e então entrou no carro com o
jovem, era um carro novo, pequeno e vermelho, caro,
e eles seguiram na direção oeste. desta vez, tenho certeza
que era ela.
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