Manuel Bandeira
Manuel Carneiro de Sousa Bandeira Filho foi um poeta, crítico literário e de arte, professor de literatura e tradutor brasileiro.
1886-04-19 Recife, Pernambuco, Brasil
1968-10-13 Rio de Janeiro, Brasil
1883053
63
1774
Balanço de Março de 1959
Março. Visita da princesa inglesa.
Raivou o calor desabaladamente.
Foi culpa mesmo da duquesa,
Que é Kent.
Fui ao Museu de Arte Moderna,
À exposição dos neoconcretos.
Motivos por demais secretos
Poderão construir obra eterna?
Em Lígia, tão dotada, a pintura transcende
À tela e incorpora a moldura.
Vendo e escutando é que se aprende:
Aprendi, mas não vi pintura.
Uma palavra só e em torno
Muito branco basta a Gullar
Para um belo poema compor
No estilo mais oracular.
Minha amiguinha X pretende
Que o entende. Será que entende?
Jaime Maurício me apresenta
era Pedrosa, hoje Martins.
Saio azul na tarde nevoenta,
Neoconcretizado até os rins.
Deixa Boto — última prova
Em sua terrena lida —
"Os movimentos da vida
Pelos silêncios da cova."
Raivou o calor desabaladamente.
Foi culpa mesmo da duquesa,
Que é Kent.
Fui ao Museu de Arte Moderna,
À exposição dos neoconcretos.
Motivos por demais secretos
Poderão construir obra eterna?
Em Lígia, tão dotada, a pintura transcende
À tela e incorpora a moldura.
Vendo e escutando é que se aprende:
Aprendi, mas não vi pintura.
Uma palavra só e em torno
Muito branco basta a Gullar
Para um belo poema compor
No estilo mais oracular.
Minha amiguinha X pretende
Que o entende. Será que entende?
Jaime Maurício me apresenta
era Pedrosa, hoje Martins.
Saio azul na tarde nevoenta,
Neoconcretizado até os rins.
Deixa Boto — última prova
Em sua terrena lida —
"Os movimentos da vida
Pelos silêncios da cova."
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