Eduardo Pitta
Eduardo Pitta é um poeta, escritor e ensaísta português.
Lourenço Marques (hoje Maputo)
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Livros
Poeta, ficcionista, ensaísta e crítico de poesia. Natural de Lourenço Marques, viveu em Moçambique até Novembro de 1975. Naquela antiga Colónia publicou o primeiro livro, Sílaba a Sílaba (1974), depois de, a partir de 1968, ter colaborado assiduamente em suplementos literários da imprensa: Notícias, A Tribuna, A Voz de Moçambique, Notícias da Beira.Foi porém em Portugal que a sua obra atingiu a maturidade, primeiro como poeta, depois como ensaísta e crítico de poesia, mais tarde como ficcionista, estreando-se com a trilogia de contos Persona (2000), acerca da qual Fernando Matos Oliveira sublinhou as marcas de género: «ritmo acelerado, narrador autoritário, pathos autobiográfico e sobredeterminação da pulsão erótica.» Estes contos expõem com desassombro o lado oculto da guerra colonial, operando a explicitude da linguagem uma profunda deslocação na escrita do autor. A singularidade absoluta desta obra nas letras portuguesas deriva da forma como articula o universo colonial moçambicano com a prática de uma identidade gay que faz do homossexual um epítome da decadência do Império, numa premeditada atitude de cinismo social que acaba por fazer dele uma figura crítica.Identificado com a geração dos anos de 1970, o estilo violento e cortante da sua poesia oscila, de acordo com Fernando Pinto do Amaral, «entre narrações muito elípticas, descrições propositadamente estilhaçadas e um certo gosto pelo aforismo [...], recorrendo, no seu movimento pulsátil, a inesperadas associações verbais ou a metáforas cuja agressividade apanha de surpresa o leitor mais incauto.»Segundo Fernando Cascais, a publicação de Fractura (2003), ensaio sobre homossexualidade na literatura portuguesa contemporânea, «teve o mérito de iniciar […] a um nível de inquestionável qualidade» o debate sobre a existência de literatura gay em Portugal. Sobre o mesmo ensaio, Mark Sabine registou: «the first history of Portuguese literary homosexuality».Noutro registo, a actividade crítica de Eduardo Pitta ocorre a partir de 1987 e da revista Colóquio-Letras, da Fundação Calouste Gulbenkian, embora a coluna de crítica de poesia «O Som & o Sentido», na revista LER, lhe tenha dado maior visibilidade. Uma selecção de ensaios ali publicados encontra-se coligida no volume Comenda de Fogo (2002).A obra do autor inclui livros poesia, ficção, ensaio, crítica, memórias, diários de viagem e crónicas, tais como, entre outros, Desobediência, poesia escolhida (2011), os contos de Persona (2000), o ensaio Fractura (2003), o romance Cidade Proibida (2007), a colectânea de crítica Aula de Poesia (2010), o volume de memórias Um Rapaz a Arder (2013) e uma selecção de crónicas reunidas em Pompas Fúnebres (2014).Do autor, há colaboração avulsa em inúmeras publicações, das quais importa destacar as revistas Colóquio-Letras (1987-2018), LER (1990-2006), Egoísta (desde 2008) e Sábado (desde 2011), os jornais Diário de Notícias (1996-1998) e Público (2004-2011), bem como o jornal online Ciberkiosk (1999-2002). Poemas seus encontram-se traduzidos em castelhano, italiano, francês, inglês e hebraico. Traduzido por Alison Aiken, o conto Kalahari foi publicado em 2005 na revista inglesa Chroma. Em 2002, organizou para o n.º 6 da revista francesa Arsenal um dossier sobre poesia portuguesa contemporânea. Em 2008 adaptou para crianças O Crime do Padre Amaro, clássico de Eça de Queirós. Em 2008 e 2018 editou a poesia completa de António Botto. Encontra-se representado em volumes colectivos e antologias de poesia. Tem participado em encontros de escritores, congressos, seminários e festivais de poesia em Portugal, Espanha, França, Itália, Grécia e Colômbia.Em 2021 foi o escritor homenageado na Alvalade Capital da Leitura. A sua obra mais recente é o livro de contos Devastação, de 2021.