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PEN Clube 1989Alguns Poemas
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Poeta. Natural de Moçambique, onde viveu até aos dezoito anos, Carlos Alberto Portugal Correia de Lacerda veio para Portugal em 1946, a fim de concluir estudos secundários. Vive em Lisboa durante cinco anos e trava amizade com Ruy Cinatti, Raul de Carvalho, Luís Amaro e António Ramos Rosa, tendo sido um dos co-fundadores e secretário de Távola Redonda (1950). Em 1951 toma a decisão de expatriar-se, fixando-se em Londres, onde a BBC o contrata como jornalista. Nesse mesmo ano, os Cadernos de Poesia dedicam-lhe o número que insere a sua colectânea de estreia, Poemas; e organiza uma antologia da poesia de Cinatti, Poemas Escolhidos. Na emissora britânica tem oportunidade de divulgar poetas portugueses como Camões, Pessoa e Jorge de Sena. Em 1955, Arthur Waley traduz e prefacia 77 Poems, uma edição bilingue da casa Allen & Unwin (Londres), calorosamente saudada pela mais ortodoxa crítica local, do Spectator ao The Times Literary Supplement. A convite de instituições académicas brasileiras, faz uma demorada visita (1959-60) pelo Brasil, proferindo conferências e recitais em diversas cidades. É sobretudo a partir da publicação de Palácio (1961) que a sua poesia encontra ressonância crítica em Portugal. A partir de 1967 começa a leccionar na Universidade de Austin (Texas), onde se mantém durante cerca de cinco anos, fazendo uma breve passagem pela Columbia University, de Nova Iorque, até se fixar (1972) como professor de poética, na Boston University. É assim que, nos últimos trinta anos, tem dividido o seu tempo entre os dois lados do Atlântico. Nos EUA viu publicada uma significativa antologia de poemas de sua autoria, Selected Poems (1969), e terá sido o primeiro autor de língua portuguesa a dar um recital na Biblioteca do Congresso, em Washington. Foi, em 1973, o editor de Maio (International Poetry Magazine), de que saiu um único número, com colaboração de Cesariny, Jorge Guillén, Octavio Paz, Murilo Mendes, Augusto de Campos, Dominique Fourcade, etc. Com poemas traduzidos para inglês, castelhano, francês, alemão, neerlandês e bengáli, Alberto de Lacerda é autor de uma obra muito vasta (parte da qual inédita), dispersa por várias chancelas. Oferenda (2 vols., 1984-94) colige a obra editada entre 1955-81 e cinco livros inéditos, um dos quais, Mecânica Celeste, leva às últimas consequências o carácter transgressivo da sua poesia, aspecto que a recepção crítica quase sempre ignorou. René Char considerou-o «um dos quinze poetas europeus de voz universal», e Eduardo Lourenço, que aludiu ao seu ar distante «de Pierrot lunar ou de anjo um pouco dandy, já de passagem para aquela espécie de pátria que só o poema lhe daria», acentuou também que a sua obra é a de «um Poeta que como raros bebeu até ao fundo a sua vertigem solar. E que como nenhum outro se revisitou revisitando a aventura arquetípica de Camões.» Autor de ensaios sobre arte (assinou inúmeros catálogos de pintura), não admira que os artistas plásticos sejam o núcleo duro das suas amizades, casos de, entre outros, Vieira da Silva, Arpad Szenes, Menez, Pomar, Paula Rego e Jorge Martins. Esta circunstância explicará a importância que na sua obra assume o diálogo da poesia com a pintura. Colaboração sua, de poesia e prosa, encontra-se dispersa em Unicórnio, Tetracórnio, Botteghe Oscure, The Times Literary Supplement, Encounter, The Listener, Cahiers des Saisons, Diário de Notícias, Diário Popular, Diário de Lisboa, A Voz de Moçambique, Jornal do Brasil, Tribuna da Imprensa, O Estado de S. Paulo, Colóquio-Letras, Colóquio-Artes, etc. Desde que na juventude deixou Moçambique, voltou uma única vez ao país de origem: foi em 1963, e dessa visita ficou um rasto indelével em Exílio. Além de poeta, é autor de «colagens», tendo exposto individualmente (1987) na Sociedade Nacional de Belas Artes, de Lisboa. Vive em Londres desde 1951.