Fontes

No
remurejar da água corrente
oiço a voz límpida
das entranhas da terra,
telúrica voz
em ressonâncias de cristais

Fito a inteira nudez da natureza
despindo-se sem pudor
ante meus olhos lavados
e abraço a terra toda num só pedaço de chão.

No gesto de dar te reconheço, terra mãe
no corpo nu e languido
eu me vejo a mim mulher,
e das fontes como mãos abertas
as aguas límpidas que brotam bebemos
e assim lavamos a alma
a minha e a da terra.

Sorvo os aromas e ébria de cores
olho a visão ressurgida
na placidez vespertina
de um recanto transfigurado
pelos raios de um sol furtivo…
e um não sei quê me ilumina

Na emergente claridade
regresso à matriz de tudo
sinto que sou só compasso
e que o átomo e o infinito pulsam no seio do todo
saber que sou já me basta
que me leve aonde for
o meu simples descompasso,
basta-me saber que vou.

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