Dona Inês de Castro

Cai a tarde. Na quieta soledade
Do prado em flor, a sombra lentamente
Se espalha, e Dona Inês de Castro sente
Na alma subir-lhe uma onda de saudade.

Vai sozinha a cismar. Do Infante ausente
Doce lembrança o coração lhe invade:
Suspira, e suas mãos com suavidade
Colhem cecéns e rosas juntamente.

Senta-se à beira do Mondego. Mira
O rosto na água, e pétalas atira
À água, que manso e manso se renova...

E vê-se, imagem na água mergulhada,
De cecéns e de rosas coroada,
Já Rainha, no fundo de uma cova!

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