Sobre a Página em Branco

Sobre a Página em Branco

Persisto em alguns minutos.
Persisto também nas palavras e sílabas
inconjuntas - o risco de conjugar.
Ainda mora dentro das minhas vísceras
um ruminar laborioso de tecer caminhos
e meu estômago se corrói: desejo alcalino
de gritar.
Mansa, a quietude da noite no dorso de um corcel
emerge e crava os dentes em minha face.
Quem sou eu pra contestar os teus delírios?
Na mesa, o ser pronta, o ser aceite
de todas as delícias e dilaceramentos.
Parir um sonho a cada dia - há que ser mãe.
Mãe inconteste, mãe entregue, seio exposto.
Leite, suor e lágrimas pra cria.
A renúncia extrema de ser livre a cada letra
ou a cada despertar da coragem.
Não morre a luta - guerreira, amazona
infatigável.
Contemplo e celebro. Rendo-me.
Há que ser mãe e mulher,
criança e dona do abandono.

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