Pedro de Alcântara

Alcântara
1562-10-18 Arenas de San Pedro
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Soneto

Não maldigo o rigor da iníqua sorte,
Por mais atroz que seja e sem piedade,
Arrancando-me o trono e a majestade
Quando a dois passos só estou da morte!

Do pego das paixões minha alma forte
Conhece a fundo a triste realidade,
Pois se agora nos dá felicidade
Amanhã tira o bem, que nos conforte.

Mas a dor que excrucia, a que maltrata,
A dor cruel que o ânimo deplora
Que fere o coração e quase o mata,

É ver da mão fugir à extrema hora
A mesma boca lisonjeira e ingrata
Que tantos beijos nela pôs outrora!

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