Qualquer Coisa

Quando a claridade abortar
E deixar o quarto escuro,
Quero estar lá
Para ver de quem são as estrelas.

Quando o sono dominar
As mentes fatigadas,
Quero estar vivo
Para ver quais serão os sonhos.

Porque qualquer lembrança
Das tuas palavras,
São as notas pesadas
De um piano em prelúdio
A comover minha emoção.

Que qualquer coisa tua,
Meu Deus!
É a lembrança da grama fresca,
Da relva boa, gostosa de deitar.

E tuas mãos...
Conchas quentes...
Confortáveis,
Macias,
Seguras,
Transmitem calmaria
Aos meus devaneios.

Quando as toco,
Pouso.
Quando não,
Caio.

Queda alta...
Lenta e agonizante,
Parece verter dos lustrais
Irradiações intensas.

Porém não.

Não são nada disso!
São as lágrimas de minha consciência
A turvar minha visão
Diante da realidade
Da distância que corrói...

...Quando qualquer coisa sua
maltratar minha saudade,
quero estar forte
e poder respirar fundo.

Fortaleza, 29 de agosto de 1996

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