O Casaco de Murilo Mendes
São dez horas e este relógio eterno,
vindo de meus avós, bate o mofo do tempo.
O cristal enfeita a mesa e quadros vestem
de linho as paredes. São dez horas de continuidade
de vida. Respiro a alfazema das magnólias. É julho.
Nada importa se dormes em porto distante.
Quero revelar a rotação da alma. Esta alma
aguarda o perfume, a visitação azul da poesia.
Será o relógio que desfaz o silêncio na noite?
Um vulto longo, com brancura nas mãos, veste um casaco
europeu. Me olha como um rebanho de carneiros.
As camélias estão amarelas. Foram meus dedos.
A libertação está na palavra. Elas apartam
a forma que fui. Liberto as tâmaras do tempo.
O vulto me olha e põe poesia solferina em meus dedos.
A sala fica iluminada. O vulto de casaco europeu coloca
o Cometa de Halley em cima da cristaleira. Sorri:
- Escuta, no fim da tarde, o piano de Mariinha.
A poesia chega no vento.
Ela é como o Cometa de Halley.
vindo de meus avós, bate o mofo do tempo.
O cristal enfeita a mesa e quadros vestem
de linho as paredes. São dez horas de continuidade
de vida. Respiro a alfazema das magnólias. É julho.
Nada importa se dormes em porto distante.
Quero revelar a rotação da alma. Esta alma
aguarda o perfume, a visitação azul da poesia.
Será o relógio que desfaz o silêncio na noite?
Um vulto longo, com brancura nas mãos, veste um casaco
europeu. Me olha como um rebanho de carneiros.
As camélias estão amarelas. Foram meus dedos.
A libertação está na palavra. Elas apartam
a forma que fui. Liberto as tâmaras do tempo.
O vulto me olha e põe poesia solferina em meus dedos.
A sala fica iluminada. O vulto de casaco europeu coloca
o Cometa de Halley em cima da cristaleira. Sorri:
- Escuta, no fim da tarde, o piano de Mariinha.
A poesia chega no vento.
Ela é como o Cometa de Halley.
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