O fantasma e o vento

Pétalas sem cor
e sem perfume
da rosa
morta no ventre
da fantasia.

E no jardim
d’inesperado outono
ao sabor do vento
que passa leve
com passos de brisa
e sobre o chão
revolve os restos
do que foi sonho
há solidão.

E o vento diz
que ali um dia
houve uma rosa
que era a primeira,
tão grande e bela
mas só o projeto
que conheceu
no curto tempo
da duração
de ser botão.

E que ainda assim,
no tal jardim há o fantasma
de certo homem
que tenta em vão
compor com as pétalas
da rosa morta
o que foi sonho
de abrir-se ao mundo.

E que sempre fala
com a insistência
dos tresloucados
da morte inglória
do tal botão.
E em seus delírios
nas noites claras
chora a dor
da fantasia
que o enganou.

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