a insustentável leveza do amor

Que ninguém saiba:
falo dos teus olhos
Terras castanhas, precipício de almas;

Que ninguém veja:
falo do teu riso
Oceano de ritmos, vertigem e calma.

Que ninguém ouça:
falo da tua voz
Perdição de Ulisses em alto mar;

Que ninguém toque:
falo das tuas mãos
Recriar do mundo, elementar.

Que ninguém sinta:
falo da tua boca
Pura seda, roçar de borboletas;

Que ninguém aspire:
falo do teu cheiro
Inspiração eterna de poetas.

Que ninguém ouse:
falo do teu corpo
Porção visível do infinito;

Que ninguém duvide:
falo do que sinto
Amor assim não houve, mais bonito.

Que ninguém entenda:
o amor é um hiato
Entre o vivido e o sonhado;

Que ninguém tema:
o amor é imponderável
Fluido, muito além do leve ou do pesado.

Goulart Gomes, Salvador, BA

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