Torre

ão torres as pérolas,
mães  as  pérolas,
secretas, nacaradas,
as pérolas,
guardam para si
a macieza de ovo

um instante amado.

São círculos, centros,
esferas, rosáceas,
inclinam-se,
chorosas,
cantando, redondas,
o mistério duma flor
antiga como mulheres
em dias molhados.

E as pérolas já não são
pérolas, silvestres
e magoadas,

tão inconformadas,
mas estrelas, cometas
na cauda de uma visão.

No meu colo uso-as
medidas pelo tempo
agitadas pelo vento
em seu fio de jasmim.

Mas quando as sinto
são esferas metálicas
contra mim lançadas
como a pomba
de alba que abraço,
amedrontada, num sonho.
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