Meteorito

O meu cérebro é um meteorito.
Vejo-o a cair do

                            C   éu

como se tivesse sido talhado
pela imaginação      mas não.

A vida é um novelo de resistências
às quais nem a minha mão
nem os meus olhos se adaptam.

O novelo é um nó
o nó é um laço
uma cruz      um traço
terrivelmente
soberano.

Desato-o, desmancho-o,
com ele reato o acto
o mesmo acto-pacto
alado rasgado amado.

E é como se ouvisse o Anjo
e a sua voz inaudível
nas pedras do caminho.

Desenho então,
assim me estendam
os braços,
o círculo      a coroa,
a cintura nua, a lua
e o nome de Helena
ou Karenina, Ana,
Ariana – esse regresso
da morte
entre a mão e o espírito.
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