O Meu Amigo, Forçado D'amor

O meu amigo, forçado d'amor,
pois agora comigo quer viver
ũa sazom, se o puder fazer,
nom dórmia já mentre comigo for,
       ca daquel tempo que migo guarir
       atanto perderá quanto dormir.

E quem bem quer [o] seu tempo passar
u é com sa senhor, nom dorme rem;
e meu amigo, pois pera mi vem,
nom dórmia já mentre migo morar,
       ca daquel tempo que migo guarir
       atanto perderá quanto dormir.

E, se lh'aprouguer de dormir alá
u el é, prazer-mi-á, per bõa fé,
pero dormir tempo perdud[o] é,
mais per meu grad'aqui nom dormirá,
       ca daquel tempo que migo guarir
       atanto perderá quanto dormir.

E, depois que s[e] el de mim partir,
tanto dórmia quanto quiser dormir.
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