O Coração Sobre a Mesa
O coração sobre a mesa
não diz uma palavra.
Não pede, não cansa, não revela.
Observo, como um legista
o objeto alheio
a pulsação antiga que mantém
órgãos, intentos, entranhas, reflexos.
E súbito, em suas paredes
em carnosidades avermelhadas
surge desenhos, talhos, remendos.
Toco o peito vazio.
O coração respira, na mesa
movido por um moto-perpétuo.
Não há sístole ou diástole.
Sou eu, com medo de dormir sozinho
em alguma noite antiga.
É o telegrama com a morte
do tio Ademar.
São as lágrimas de minha mãe
na noite de Pentecostes.
É o dia em que cheguei ao Recife
com uma caixa de livros.
Na rodoviária, sentia frio
não sabia o que sentir
não sabia meu nome.
Meu coração ainda não era meu.
não diz uma palavra.
Não pede, não cansa, não revela.
Observo, como um legista
o objeto alheio
a pulsação antiga que mantém
órgãos, intentos, entranhas, reflexos.
E súbito, em suas paredes
em carnosidades avermelhadas
surge desenhos, talhos, remendos.
Toco o peito vazio.
O coração respira, na mesa
movido por um moto-perpétuo.
Não há sístole ou diástole.
Sou eu, com medo de dormir sozinho
em alguma noite antiga.
É o telegrama com a morte
do tio Ademar.
São as lágrimas de minha mãe
na noite de Pentecostes.
É o dia em que cheguei ao Recife
com uma caixa de livros.
Na rodoviária, sentia frio
não sabia o que sentir
não sabia meu nome.
Meu coração ainda não era meu.
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