A Meu Pai

A Meu Pai

O silêncio respeitoso
O dia lento, leve,
moroso
Uma água quente
que passa e vai.
Só agora, agorinha mesmo,
A mente volta - e lembra -
do andar a esmo:
faz 5 anos perdi(?) meu pai.

Perdi? Por que então o tenho?
Por que na vida me embrenho
como se o medo não incomodasse?
Por que o sinto tão perto agora?
Por que não sinto que foi embora?
Por que doces lágrimas na face?

Como sua presença me é calma!
Quão bem me faz à alma
tê-lo, assim, no coração!
Como queria agradecer
O homem que sou,
e não chegou a ver,
Como queria beijar sua mão!

Como queria falar-lhe tanto
Como queria secar meu pranto
ouvir silêncio, fugir do barulho.
Como queria me visse agora:
o homem forte que ri e chora,
como queria o seu orgulho!

Tantas vezes o tive aqui:
quando chorei, amei, sofri;
Tantas vezes o vi presente.
Sempre que, caído, chorei;
sempre que, sorrindo, amei;
sempre senti seu toque quente.

Alguém doce, e forte, e rude
- meu Deus, como não pude
sentir-lhe isso enquanto perto!
Era alguém que amou profundo
a nós: sua vida, sua luta, seu mundo
abraços largos, peito aberto.

Não por saudade lágrimas vêm;
Por que por feliz se chora também;
porque minhalma revê-lo espera.
Até lá só me resta honrá-lo
e minha forma de amá-lo
é tentar ser o que ele era.

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