Passas horas a olhar-me em silêncio

Passas horas a olhar-me em silêncio
enquanto invocas o sono
à beira de uma corona com limão.
Que tipo de cadáver sou eu neste preciso instante?

Quero pensar que não vês em mim
a decadência do império romano
pintado por cima desta linda vista de Lisboa.

Não sou nenhuma sobremesa
flambée ao lume das velas
no deserto de Atacama.

Quero acreditar que neste bordel ruidoso
a luz ténue e intermitente do despertador
mostra ainda com rigor científico
Os resultados dos nossos electrocardiogramas.

Vá, apaga lá esse cigarro e vem!
Regressemos aos lugares-comuns!
Sentemo-nos na nossa cama.
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