Tomas Tranströmer

Tomas Tranströmer

1932-04-15 Stockholm
2015-03-26 Stockholm
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O PALÁCIO

Entrámos. Uma única sala gigante
silenciosa e vazia onde a superfície do soalho jazia
como uma pista de patinagem abandonada.
Todas as portas fechadas. O ar cinzento.

Quadros nas paredes. Vimos imagens
mortas que formigavam: placas, pratos de
balança, peixes, figuras lutando num
mundo surdo - mudo no outro lado.

Uma escultura foi exibida no vazio:
sozinho , no meio da sala, estava um cavalo
mas só nos apercebemos disso
depois de todo o vazio nos ter capturado.

os ruídos e as vozes da cidade ouviam-se,
mais fracos do que os rumores numa concha,
circulando neste espaço estéril,
murmurantes , à procura de um poder.

Também outra coisa. Alguma coisa obscura
que ficou nos limiares dos nossos cinco
sentidos, sem os atravessar.
A areia escorria nos copos silenciosos.

Chegou a hora de nos movimentarmos.
Caminhamos na direcção do cavalo. Ele era enorme,
negro como o ferro. Uma imagem do poder
que restou depois dos príncipes terem partido.

O cavalo disse: “ eu sou o único.
O vazio, que me montava, deitei-o fora.
Este é o meu estábulo. Eu cresço devagar.
E aqui dentro, devoro o silêncio. “
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