António Ramos Rosa
António Victor Ramos Rosa, foi um poeta, português, tradutor e desenhador. Ramos Rosa estudou em Faro, não tendo acabado o ensino secundário por questões de saúde.
1924-10-17 Faro
2013-09-23 Lisboa
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Contra o Silêncio
Ardem os braços, ardem contra
o silêncio. Não grito.
Doem os ossos contra a porta.
Abrem-se ao abraço. Estalam? Querem?
Suporto frente à porta.
Não é o silêncio do silêncio.
Não a terra da casa nem o tronco da terra.
Não a face no espelho onde nulo me vejo.
Rosto pregado ao solo, às pregas mínimas,
contacto a pura força dos ossos masculinos.
Dói. Dói-me a força que sustento.
A parede do silêncio mais espessa.
As escuras veias que se engrossam.
Rasgarei uma nuvem? Abrirei uma pedra?
Contenho o tronco, a força contra o tempo?
Uma janela? Não. Não antecipo.
No meu corpo ainda não se fez silêncio.
Abro, abro a porta deste tronco ou fecho-a?
Estendo os braços que estalam. Uma ponte?
Atravesso as veias de madeira ou de pedra.
Silva algum astro na seiva ou as raízes rangem?
Sou compactamente. Nada ainda sou.
Sobrevivo ainda. Resisto ainda. Forço ainda. Quero.
O silêncio ainda é uma bandeira de febre.
Um país de insectos dissemina-se.
Vibro no saibro ardente. Vibro e ardo.
Se atingir os ombros, desaguar as espáduas,
deixarei a onda mais branca do silêncio
abrir-me a porta, descerrar-me o tronco?
Estou aqui. Aonde? Cerradamente inverso.
Por uma ferida verde, por uma porta aberta?
Estou aqui onde não é uma torre,
contra a expulsão. Por uma explosão suave.
Ah, se caísse, caísse na queda que me erguesse?
Até à folha onde escrevo, que país de mãos seria?
o silêncio. Não grito.
Doem os ossos contra a porta.
Abrem-se ao abraço. Estalam? Querem?
Suporto frente à porta.
Não é o silêncio do silêncio.
Não a terra da casa nem o tronco da terra.
Não a face no espelho onde nulo me vejo.
Rosto pregado ao solo, às pregas mínimas,
contacto a pura força dos ossos masculinos.
Dói. Dói-me a força que sustento.
A parede do silêncio mais espessa.
As escuras veias que se engrossam.
Rasgarei uma nuvem? Abrirei uma pedra?
Contenho o tronco, a força contra o tempo?
Uma janela? Não. Não antecipo.
No meu corpo ainda não se fez silêncio.
Abro, abro a porta deste tronco ou fecho-a?
Estendo os braços que estalam. Uma ponte?
Atravesso as veias de madeira ou de pedra.
Silva algum astro na seiva ou as raízes rangem?
Sou compactamente. Nada ainda sou.
Sobrevivo ainda. Resisto ainda. Forço ainda. Quero.
O silêncio ainda é uma bandeira de febre.
Um país de insectos dissemina-se.
Vibro no saibro ardente. Vibro e ardo.
Se atingir os ombros, desaguar as espáduas,
deixarei a onda mais branca do silêncio
abrir-me a porta, descerrar-me o tronco?
Estou aqui. Aonde? Cerradamente inverso.
Por uma ferida verde, por uma porta aberta?
Estou aqui onde não é uma torre,
contra a expulsão. Por uma explosão suave.
Ah, se caísse, caísse na queda que me erguesse?
Até à folha onde escrevo, que país de mãos seria?
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