Castro Alves
Antônio Frederico de Castro Alves foi um poeta brasileiro. Nasceu na fazenda Cabaceiras, a sete léguas da vila de Nossa Senhora da Conceição de "Curralinho", hoje Castro Alves, no estado da Bahia.
1847-03-14 Curralinho, Castro Alves, Bahia, Brasil
1871-07-06 Salvador, Bahia, Brasil
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Martírio
A linda morena que, louco, adorava,
Que em sonhos beijava, tremendo de amor,
Não viu meus amores, descreu do meu canto,
Sorriu do meu pranto, com riso traidor.
Cismava — era ela o meu bom pensamento;
O meu sentimento se louco sentia;
Meu anjo da guarda nas noites de insônia,
Meu doce favônio se a espr’ança nascia.
E sempre eu a via: no céu seus encantos,
Na brisa os seus cantos julgava escutar,
Na noite o negrume dos negros cabelos,
Seus olhos tão belos no belo luar.
Mas foi um delírio de louca miragem
Formosa paisagem do amor que sonhei...
A rosa que dei-lhe, queimada de beijos,
Serviu aos desejos de alguém? oh! não sei...
Mulher, sim, não rias do pobre, do triste!
Por que não cuspiste na pobre flor?
Mas fundo desprezo mostrar-me quiseste,
Ludíbrio fizeste de mim, deste amor...
Pois bem; eu não posso deixar de adorar-te...
Quem pode escapar-te, quem pode esquecer-te?
Desprezos não matam amores tão santos,
Só posso meus prantos p’ra sempre esconder-te.
Despreza-me, virgem, minh’alma te implora!
Verás nessa hora que chama de amor!
E cada suplício que sofra minh’alma
É mais uma palma da c’roa da dor.
Que em sonhos beijava, tremendo de amor,
Não viu meus amores, descreu do meu canto,
Sorriu do meu pranto, com riso traidor.
Cismava — era ela o meu bom pensamento;
O meu sentimento se louco sentia;
Meu anjo da guarda nas noites de insônia,
Meu doce favônio se a espr’ança nascia.
E sempre eu a via: no céu seus encantos,
Na brisa os seus cantos julgava escutar,
Na noite o negrume dos negros cabelos,
Seus olhos tão belos no belo luar.
Mas foi um delírio de louca miragem
Formosa paisagem do amor que sonhei...
A rosa que dei-lhe, queimada de beijos,
Serviu aos desejos de alguém? oh! não sei...
Mulher, sim, não rias do pobre, do triste!
Por que não cuspiste na pobre flor?
Mas fundo desprezo mostrar-me quiseste,
Ludíbrio fizeste de mim, deste amor...
Pois bem; eu não posso deixar de adorar-te...
Quem pode escapar-te, quem pode esquecer-te?
Desprezos não matam amores tão santos,
Só posso meus prantos p’ra sempre esconder-te.
Despreza-me, virgem, minh’alma te implora!
Verás nessa hora que chama de amor!
E cada suplício que sofra minh’alma
É mais uma palma da c’roa da dor.
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