Rainha

Suas pernas
que assombram, santas cruzadas
que desvendam curvas tão amadas
Me convocam
Me amordaçam
Me derretem por inteiro, em vão

Seus lábios
que entoam o sons de maior beleza
que tremem, à toa, por incerteza
Me desejam
Me cortejam
Me ferem, longe dos meus

Seus olhos
que brilham, pelos meus, na multidão
que vigiam, com rigor, meu pobre coração
Me provocam
Me paralisam
Me remetem às grandes loucuras

Como podem pertencer a outrém ?
Quem pode desejá-la com tal ardor ?

Rainha, estrela do meu tormento
Sem você não sou ninguém
Ouve agora esse meu lamento
Mal conheço a face do amor...

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