O Tempo e a Memória

Fica-te aí, parado na memória,
Reveste de outono a luz de tua face
Oh Sempre Adormecida, que a Vitória
Do Amor é conservar consigo a face.

E, assim, vencer o tempo na memória
E atingir o eterno no traspasse
Fatal. Trazendo adiante na Memória,
A visão emblemática da face.

Na ilha de agosto, faze tua morada
E em setembro hás de surgir do Nada
Se estática ficares na memória.

Que nunca apareceste na jornada,
Ou houveres sido, existirás Amada
Se ficares presente na memória.

(Sanatório Bahia — 22.3.1960)

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