Primeira vez

Como raios, carros riscam a rua.
Nua, a menina-mulher escuta
a luta dos motoristas embriagados,
animados pelo poder da velocidade.

"O que lhes falta é amor", pensa.
Intensa é a emoção que ela sente,
aparente calmaria; uma revolução disfarçada,
ligada à perda de uma fina película.

Criança recém-nascida para o amor,
a dor ela esquece para degustar do prazer
e sorver da paixão que lhe é oferecida:
bebida transcendente de sabor de êxtase.

Observa seu amante saindo do banheiro,
cujo cheiro de macho espalha-se pelo quarto
farto dos desejos ternos e ardentes
de serpentes recentemente entrelaçadas.

Ele se senta ao seu lado na cama-ninho
e vinho derrama em ambos os corpos,
agora copos de dionisíaca bebida,
sorvida pelas línguas às peles tocadas.

O momento é uma introdução para a repetição
à exaustão do novo exercício revelado.
Alado, Cupido voa pela janela satisfeito
pelo leito que fez ser bem aproveitado.

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