Nuno Júdice
Nuno Júdice é um ensaísta, poeta, ficcionista e professor universitário português. Licenciou-se em Filologia Românica pela Universidade de Lisboa e obteve o grau de Doutor pela Universidade Nova.
1949-04-29 Mexilhoeira Grande
2024-03-17
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Pedro, lembrando Inês
Pedro,lembrando Inês
Em quem pensar,agora,senão em ti? Tu, que
me esvaziaste de coisas incertas, e trouxeste a
manhã da minha noite. É verdade que te podia
dizer:"Como é mais fácil deixar que as coisas
não mudem,sermos o que sempre fomos,mudarmos
apenas dentro de nós próprios?"Mas ensinaste-me
a sermos dois;e a ser contigo aquilo que sou,
até sermos um apenas no amor que nos une,
contra a solidão que nos divide.Mas é isto o amor:
ver-te mesmo quando te não vejo,ouvir a tua
voz que abre as fontes de todos os rios,mesmo
esse que mal corria quando por ele passámos,
subindo a margem em que descobri o sentido
de irmos contra o tempo,para ganhar o tempo
que o tempo nos rouba.Como gosto,meu amor,
de chegar antes de ti para te ver chegar:com
a surpresa dos teus cabelos,e o teu rosto de água
fresca que eu bebo,com esta sede que não passa.Tu:
a primavera luminosa da minha expectativa,
a mais certa certeza de que gosto de ti,como
gostas de mim,até ao fundo do mundo que me deste.
Em quem pensar,agora,senão em ti? Tu, que
me esvaziaste de coisas incertas, e trouxeste a
manhã da minha noite. É verdade que te podia
dizer:"Como é mais fácil deixar que as coisas
não mudem,sermos o que sempre fomos,mudarmos
apenas dentro de nós próprios?"Mas ensinaste-me
a sermos dois;e a ser contigo aquilo que sou,
até sermos um apenas no amor que nos une,
contra a solidão que nos divide.Mas é isto o amor:
ver-te mesmo quando te não vejo,ouvir a tua
voz que abre as fontes de todos os rios,mesmo
esse que mal corria quando por ele passámos,
subindo a margem em que descobri o sentido
de irmos contra o tempo,para ganhar o tempo
que o tempo nos rouba.Como gosto,meu amor,
de chegar antes de ti para te ver chegar:com
a surpresa dos teus cabelos,e o teu rosto de água
fresca que eu bebo,com esta sede que não passa.Tu:
a primavera luminosa da minha expectativa,
a mais certa certeza de que gosto de ti,como
gostas de mim,até ao fundo do mundo que me deste.
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Mais como isto
Ver também
Mara Araújo
No poema Pedro, lembrando Inês, o eu-lírico declara o seu amor numa linguagem simples e autêntica. Um homem apaixonado que vai recordando e descrevendo imagens ou acontecimentos,que evocam a memória da sua amada, numa tentativa de resgatar o que lhes foi roubado. Essas lembranças atingem um extremo fascínio ou deslumbramento. O amor que os une é mais forte que a solidão que os separa. Existe uma cadência harmónica que produzem uma leveza, mesmo quando permeia o sofrimento de não ter mais sua amada em seus braços no presente e não a terá no futuro. A natureza como cenário traz a presença dela em tudo.
04/janeiro/2022
O Belo
Não gostei tem que fazer outravez
11/junho/2021
deolindadi
"Ver-te mesmo quando não te vejo, ouvir a ta voz que abre a fonte de todos os rios". É a antítese numa isotopia divina. O espírito humano busca 'comprehendere' o belo. Porque o Belo está em Deus. A beleza humana é perfeita quando é adequada à ideia que dela tinha a divindade. "(...) com a surpresa dos teus cabelos, e o teu rosto de água fresca que eu bebo". A Beleza tem de ser como a água que "é tanto melhor quanto menos gosto tem". Tem a haver com o Amor porque Deus também é Amor. Só por si o Amor não conquista tudo como se depreende: nem o tempo nem a solidão.
10/março/2014
Ricardo
Será que algúem me poderá fazer o mais urgentemente possivel a análise temática deste poema? Agradecia imenso, tenho um trabalho para apresentar amanhã sobre este poema e estou cheio de dificuldades a compreendê-lo. Desde já agradecido!
08/maio/2013