Thiago de Mello
Amadeu Thiago de Mello foi um poeta e tradutor brasileiro natural do Estado do Amazonas, é dos poetas mais influentes e respeitados no país, reconhecido como um ícone da literatura regional. Tem obras traduzidas para mais de trinta idiomas.
1926-03-30 Barreirinha
2022-01-14 Manaus
230577
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178
Iniciação do Prisioneiro
(Poema escrito a 21 de novembro de
1965, numa cela do Quartel da Polícia
do Exército, no Rio de Janeiro, ao qual
o autor foi recolhido por haver participado
de uma manifestação contra a ditadura,
em frente ao Hotel Glória, no
instante mesmo em que ali chegava o
ditador para inaugurar a Conferência
da OEA. Desse protesto participaram,
entre outros, os companheiros Antônio
Callado, Jayme de Azevedo Rodrigues,
Carlos Heitor Cony, Márcio Moreira
Alves, Flávio Rangel, Glauber Rocha,
Joaquim Pedro de Andrade e Mário
Carneiro, todos eles presos — e aos
quais é dedicado este poema.)
É preciso que Amor seja a primeira
palavra a ser gravada nesta cela.
Para servir-me agora e companheira
seja amanhã de quem precise dela.
Não sei o que vai vir, mas se desprende
dessa palavra tanta claridão,
que com poder de povo me defende
e me mantém erguido o coração.
No muro sujo, Amor é uma alegria
que ninguém sabe, livre e luminosa
como as lanças de sol da rebeldia,
que é amor, é brasa e de repente é rosa.
Publicado no livro Faz Escuro Mas Eu Canto. A Canção do Amor Armado (1966).
In: MELLO, Thiago de. Vento geral, 1951/1981: doze livros de poemas. 2.ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 198
1965, numa cela do Quartel da Polícia
do Exército, no Rio de Janeiro, ao qual
o autor foi recolhido por haver participado
de uma manifestação contra a ditadura,
em frente ao Hotel Glória, no
instante mesmo em que ali chegava o
ditador para inaugurar a Conferência
da OEA. Desse protesto participaram,
entre outros, os companheiros Antônio
Callado, Jayme de Azevedo Rodrigues,
Carlos Heitor Cony, Márcio Moreira
Alves, Flávio Rangel, Glauber Rocha,
Joaquim Pedro de Andrade e Mário
Carneiro, todos eles presos — e aos
quais é dedicado este poema.)
É preciso que Amor seja a primeira
palavra a ser gravada nesta cela.
Para servir-me agora e companheira
seja amanhã de quem precise dela.
Não sei o que vai vir, mas se desprende
dessa palavra tanta claridão,
que com poder de povo me defende
e me mantém erguido o coração.
No muro sujo, Amor é uma alegria
que ninguém sabe, livre e luminosa
como as lanças de sol da rebeldia,
que é amor, é brasa e de repente é rosa.
Publicado no livro Faz Escuro Mas Eu Canto. A Canção do Amor Armado (1966).
In: MELLO, Thiago de. Vento geral, 1951/1981: doze livros de poemas. 2.ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 198
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