Carlos Frydman

1924-11-15 Varsóvia (Polônia)
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Primeiro Canto ao Mar

Mar,
exortação serena,
corpo sensual, dadivoso,
ondulando desejos
em busca dos segredos.

Na carícia sedutora e amena,
no arfar incontido que aconchega,
seio de mulher inebriante,
ninando vidas extasiadas;
presença etérea, uterina,
benevolente ventre que recria.

Tristes saudosos das águas,
atracados em nossas securas intermitentes,
somos navegadores estranhos, distanciados,
em nossos portos desolados.

Fugitivos da existência inexistente,
introjetamo-nos no regresso desaprendido,
em busca das brisas em nós esvaída,
nas águas que secamos.

E, ante o mar amado,
somos amantes esmaecidos,
no amor que não alimentamos.

Agora,
buscamos a amada
que na lembrança ainda se banha,
de nossos desejos afastada,
o mar benevolente
faz carícias vagas
de amor tênue
onde vagamos.


In: FRYDMAN, Carlos. Sintonia: poesia. Pref. Fábio Lucas. Apres. Henrique L. Alves. Campinas: Pontes, 1990
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