Luiz de Miranda
Luiz Carlos Goulart de Miranda é um premiado poeta brasileiro, renomado autor da obra poética mais extensa do mundo, com 3432 páginas contabilizadas.
1945-04-06 Uruguaiana RS
20034
2
8
Tonho Tropeiro
a Geraldo Vandré
I
Tonho tropeiro cavalga
entre lendas e o instante
burocrático (democrático)
Surgiu no morro morrente
do desmorre, onde dorme
o sol, e as tempestades recolhem
os braços sobre o baço
Suas esporas fizeram estrada
no campo de terra lavrada
seus pés cruzaram chão
que nem dá pra contar
Tonho tropeiro, fruto do campo
uma prece, um canto
a revolta da relva
explodiu verde no espaço
uma prece, um canto
a noite engoliu o dia
uma prece, um canto
um morria, outro nascia
uma prece, um canto
é hora de sombras e assombros
uma luta é uma luta
II
arado
arando
campo
mil discos arando a terra
mil valas abertas na noite
mil corpos cobrindo a terra
dorsalmente em decúbito.
um ruído escasso
um ruído distante
um som de silêncio
a tropa estende-se na estepe
a trova estendida esteve
a estrela, repórter da noite
estende um chamado estranho
a lua espia de longe
até parece um monge
o tropeiro estende o corpo
o silêncio profundo das horas
noturnas estende seu manto.
três berros
três velas
três sustos
um olho buscando luz
um pé buscando apoio
um corpo buscando ação
(...)
Publicado no livro Andança (1969). Poema integrante da série No Instante.
In: MIRANDA, Luiz de. Poesia reunida, 1967/1992. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira; Porto Alegre: IEL, 1992. p.452-453
NOTA: Poema composto de 3 parte
I
Tonho tropeiro cavalga
entre lendas e o instante
burocrático (democrático)
Surgiu no morro morrente
do desmorre, onde dorme
o sol, e as tempestades recolhem
os braços sobre o baço
Suas esporas fizeram estrada
no campo de terra lavrada
seus pés cruzaram chão
que nem dá pra contar
Tonho tropeiro, fruto do campo
uma prece, um canto
a revolta da relva
explodiu verde no espaço
uma prece, um canto
a noite engoliu o dia
uma prece, um canto
um morria, outro nascia
uma prece, um canto
é hora de sombras e assombros
uma luta é uma luta
II
arado
arando
campo
mil discos arando a terra
mil valas abertas na noite
mil corpos cobrindo a terra
dorsalmente em decúbito.
um ruído escasso
um ruído distante
um som de silêncio
a tropa estende-se na estepe
a trova estendida esteve
a estrela, repórter da noite
estende um chamado estranho
a lua espia de longe
até parece um monge
o tropeiro estende o corpo
o silêncio profundo das horas
noturnas estende seu manto.
três berros
três velas
três sustos
um olho buscando luz
um pé buscando apoio
um corpo buscando ação
(...)
Publicado no livro Andança (1969). Poema integrante da série No Instante.
In: MIRANDA, Luiz de. Poesia reunida, 1967/1992. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira; Porto Alegre: IEL, 1992. p.452-453
NOTA: Poema composto de 3 parte
1036
4
Mais como isto
Ver também