Amadeu Amaral
Amadeu Ataliba Arruda Amaral Leite Penteado foi um poeta, folclorista, filólogo e ensaísta brasileiro.
1875-11-06 Monte Mor [Capivari], São Paulo, Brasil
1929-10-24 São Paulo, Brasil
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A um Adolescente
A Júlio Mesquita Filho
III
Basta crer na Beleza. Ama-a no Cosmos, fora
de ti, e ama-a em ti mesmo. É a suprema pesquisa!
Busca-a. E esculpe teu ser, juntando, hora por hora,
à mente que concebe o escopro que realiza.
Perguntas: — Onde o metro, a norma, a arte precisa
para rasgar no bloco a forma que se ignora?
— Quem ao leão deu o ardor com que os desertos pisa?
E quem à águia ensinou a ser do azul senhora?
Tens o instinto voador de quem nasceu com asa.
Ama o que é forte e puro, odeia o que é perverso,
o que é baixo, o que é vil, tudo que anda de rastros.
E põe-te em comunhão, no entusiasmo que abrasa,
com a Beleza, esplendor da Vida e do Universo,
com a poesia, os heróis, os abismos e os astros.
IV
Falta o preceito firme a que a ação se conforme?
Falta uma diretriz certa e definitiva?
— Quem a teve jamais? O bom ideal é informe,
e a Certeza, ai de nós! de todo o encanto o priva.
A torrente que corre e espadana, áurea e viva,
sem parar nem recuar no itinerário enorme,
busca um sonho que além, sob a névoa, se esquiva...
e ai! dela, se desvenda o sonho azul que dorme!
Sê tu como a caudal: foge ao remanso e ao charco.
A água pura é a que ferve e cintila entre abrolhos.
O miasma e o lodaçal moram nas águas mansas.
Avança, seja o sol resplandecente ou parco;
— e se a meta surgir, algum dia a teus olhos,
impele-a para além à proporção que avanças!
Publicado no livro Espumas: versos (1917).
In: Poesias completas. São Paulo: HUCITEC: Secretaria da Cultura, Ciência e Tecnologia do Estado, 1977. p.152-153. (Obras de Amadeu Amaral
III
Basta crer na Beleza. Ama-a no Cosmos, fora
de ti, e ama-a em ti mesmo. É a suprema pesquisa!
Busca-a. E esculpe teu ser, juntando, hora por hora,
à mente que concebe o escopro que realiza.
Perguntas: — Onde o metro, a norma, a arte precisa
para rasgar no bloco a forma que se ignora?
— Quem ao leão deu o ardor com que os desertos pisa?
E quem à águia ensinou a ser do azul senhora?
Tens o instinto voador de quem nasceu com asa.
Ama o que é forte e puro, odeia o que é perverso,
o que é baixo, o que é vil, tudo que anda de rastros.
E põe-te em comunhão, no entusiasmo que abrasa,
com a Beleza, esplendor da Vida e do Universo,
com a poesia, os heróis, os abismos e os astros.
IV
Falta o preceito firme a que a ação se conforme?
Falta uma diretriz certa e definitiva?
— Quem a teve jamais? O bom ideal é informe,
e a Certeza, ai de nós! de todo o encanto o priva.
A torrente que corre e espadana, áurea e viva,
sem parar nem recuar no itinerário enorme,
busca um sonho que além, sob a névoa, se esquiva...
e ai! dela, se desvenda o sonho azul que dorme!
Sê tu como a caudal: foge ao remanso e ao charco.
A água pura é a que ferve e cintila entre abrolhos.
O miasma e o lodaçal moram nas águas mansas.
Avança, seja o sol resplandecente ou parco;
— e se a meta surgir, algum dia a teus olhos,
impele-a para além à proporção que avanças!
Publicado no livro Espumas: versos (1917).
In: Poesias completas. São Paulo: HUCITEC: Secretaria da Cultura, Ciência e Tecnologia do Estado, 1977. p.152-153. (Obras de Amadeu Amaral
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