IV - Sempre o Brasil
Nunca noite dormi tão sossegado,
Quem nem mesmo sonhei com o meu Brasil,
Porém, vendo infinito mar d'anil,
Lembra-me a aurora dele nacarada.
Cada dia que passa não é nada,
E os que faltam parecem mais de mil.
Se o tempo que lá vivo é um ceitil,
Aqui é para mim grande massada.
E a doença porém me consentir,
Sempre pensando nele, cuidarei
De tornar-me mais digno de o servir,
E, quando possa, logo voltarei;
Pois na terra só quero eu existir
Quando é para bem dele que eu o sei.
Bordo do Gironde, 7 de Julho de 1887.
In: D. PEDRO II. Poesias completas de D. Pedro II: originais e traduções, sonetos do exílio, autênticas e apócrifas. Prefácio de Medeiros e Albuquerque. Rio de Janeiro: Guanabara, 1932. Poema integrante da série Poesias Autênticas
Quem nem mesmo sonhei com o meu Brasil,
Porém, vendo infinito mar d'anil,
Lembra-me a aurora dele nacarada.
Cada dia que passa não é nada,
E os que faltam parecem mais de mil.
Se o tempo que lá vivo é um ceitil,
Aqui é para mim grande massada.
E a doença porém me consentir,
Sempre pensando nele, cuidarei
De tornar-me mais digno de o servir,
E, quando possa, logo voltarei;
Pois na terra só quero eu existir
Quando é para bem dele que eu o sei.
Bordo do Gironde, 7 de Julho de 1887.
In: D. PEDRO II. Poesias completas de D. Pedro II: originais e traduções, sonetos do exílio, autênticas e apócrifas. Prefácio de Medeiros e Albuquerque. Rio de Janeiro: Guanabara, 1932. Poema integrante da série Poesias Autênticas
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