José Albano
José Albano foi um poeta brasileiro.
1882-04-12 Fortaleza CE
1923-07-11 Montauban, França
17899
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Ode à Língua Portuguesa
Língua minha, se agora a voz levanto
Pedindo à Musa que me inspire e ajude,
Somente soe em teu louvor o canto,
Inda que a lira seja fraca e rude;
E tudo quanto sinto na alma, e digo,
Já que na alma não cabe,
Contigo viva e acabe — só contigo.
Língua minha dulcíssona e canora,
Em que mel com aroma se mistura,
Agora leda, lastimosa agora,
Mas não isenta nunca de brandura;
Língua em que o afeto santo influi e ensina
E derrama e prepara
A música mais rara — e mais divina.
Língua na qual eu suspirei primeiro,
Confessando que amava, às auras mansas
E agora choro, à sombra do salgueiro,
Os meus passados sonhos e esperanças;
Na qual me fez ditoso em tempo breve
Aquela doce fala
Que outra nenhuma iguala — nem descreve.
Língua em que o meu amor falou d'amores,
Em que d'amores sempre andei cantando,
Em que modulo os mais encantadores
E deleitosos sons de quando em quando
E espalho acentos inda nunca ouvidos
De mágoas e de gozos,
Queixumes amorosos — e gemidos.
(...)
Publicado no livro Canção a Camões e Ode à Língua Portuguesa (1912).
In: ALBANO, José. Rimas: poesia reunida e prefaciada por Manuel Bandeira. Pref. Bernardo de Mendonça. 3.ed. acrescida de perfis biográficos, estudos críticos e bibliografia. Rio de Janeiro: Graphia, 1993. p.53. (Série Revisões, 3)
NOTA: Poema composto de 10 estrofe
Pedindo à Musa que me inspire e ajude,
Somente soe em teu louvor o canto,
Inda que a lira seja fraca e rude;
E tudo quanto sinto na alma, e digo,
Já que na alma não cabe,
Contigo viva e acabe — só contigo.
Língua minha dulcíssona e canora,
Em que mel com aroma se mistura,
Agora leda, lastimosa agora,
Mas não isenta nunca de brandura;
Língua em que o afeto santo influi e ensina
E derrama e prepara
A música mais rara — e mais divina.
Língua na qual eu suspirei primeiro,
Confessando que amava, às auras mansas
E agora choro, à sombra do salgueiro,
Os meus passados sonhos e esperanças;
Na qual me fez ditoso em tempo breve
Aquela doce fala
Que outra nenhuma iguala — nem descreve.
Língua em que o meu amor falou d'amores,
Em que d'amores sempre andei cantando,
Em que modulo os mais encantadores
E deleitosos sons de quando em quando
E espalho acentos inda nunca ouvidos
De mágoas e de gozos,
Queixumes amorosos — e gemidos.
(...)
Publicado no livro Canção a Camões e Ode à Língua Portuguesa (1912).
In: ALBANO, José. Rimas: poesia reunida e prefaciada por Manuel Bandeira. Pref. Bernardo de Mendonça. 3.ed. acrescida de perfis biográficos, estudos críticos e bibliografia. Rio de Janeiro: Graphia, 1993. p.53. (Série Revisões, 3)
NOTA: Poema composto de 10 estrofe
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