Eduardo Guimaraens

1892-03-30 Porto Alegre RS
1928-12-13 Rio de Janeiro
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Aos Lustres

Suspensos, nos salões, dos tetos decorados,
que de arabescos orna o gesso alvinitente,
ó lustres de cristal, enganadoramente
ao mesmo tempo sois sonoros e calados.

Pesados, dais no entanto às pompas do ambiente,
onde há ricos painéis entre florões dourados,
a mais aérea graça; e o os olhos deslumbrados
sentem que os cega o vosso encanto reluzente.

Que o silêncio ao redor guarde a fragilidade
translúcida que sois: e ouçam-se quase a medo
os rumores quaisquer que em torno a voz se formem!

Toquem-vos docemente a sombra, a claridade...
Nem se turbe jamais, ó lustres, o segredo
das vibrações que em vós musicalmente dormem!


Publicado no Jornal da Manhã (Porto Alegre, 1908).

In: MURICY, Andrade. Panorama do movimento simbolista brasileiro. 3.ed. rev. e ampl. São Paulo: Perspectiva, 1987. v.2, p.1058
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