Fadipa, 10 de Novembro de 2017, período da noite, após às 22h.
Eles realmente oprimem muito
O negro, 'fudido', nascido no morro do matanzal
sem escola, saúde, educação
sente-se atraído pelo crime, e vira 'marginal'
Assalta a madame
transporta a droga
agride o guarda municipal
13 anos insanos
pura malandragem,
adrenalina, tudo sensacional
15 anos e meio,
dez de janeiro
assaltou a mão armada
um estrangeiro que veio a um encontro empresarial
Preso, passou 3 anos na Fébem
apanhou, recuperou, apanhou, revoltou
Saiu de lá
ainda mais obcecado
transtornado pelo ódio, por um terror malignado
Em 2003, dia 21 de março
foi abordado por policiais
Negro, pobre, 'reincidente', bandoleiro
Foi revistado e agredido
Sem nenhum tipo de precedente,
os 'homi' mesmo sem nada encontrar
o colocaram na viatura,
o algemram, e a 'lição' começou a aplicar
'Mermão',
o que foi de cacetada, porretada, cusparada
não foi brincadeira não.
O levaram pra um lugar afastado
meio do mato, sem chance de ação.
Deram porrada,
deram cusparada,
deram joelhada
Passado um 'tempin',
o gatilho foi apertado.
Passáros voaram, completamente assustados.
Naquele projétil,
não tinha só pólvora, calor, dor.
Tinha a falta de uma infraestrutura,
calor, amor.
Falta de atenção, de carinho, de cor
falta de uma escola, um posto de saúde, médico, professor.
Falta de tudo, tudo mesmo, meu 'sinhô'
O povão ainda falava:
- Ainda bem que o demônio parô,
agora sim, enfim, temos paz, amor.
Iludidos, mal sabem que todos os dias,
a história re repete com muito ardor.
Quando não é a pólvora que define o fim,
é a ferrugem da grade que rege o andor.
Esta é a vingança da sociedade.
Crua, cega e selvagem
o ódio é contínuo
contínuo é o ódio,
contra a 'malandragem'.
Quanta ilusão da verdade
reprimir ainda mais o oprimido
e sentir ser feliz de verdade
Que maldade, hein, 'justa sociedade'
Parabéns, parabéns, parabéns
pela Igualdade, Liberdade e Fraternidade.