ANFÍBICO [MANOEL SERRÃO]
Ó aqui 'stou! Aqui 'stou nas intolerâncias das tolerâncias que me condenam; nas finitudes dos meus eternos que se dês-combinam; nas entrelinhas, sem começos, meios, e,
fins; ó aqui 'stou nos meus estados que se repetem: o retorno sem cessar.
Ó mas onde não 'stou? 'Stou na ladra do vira latas sujeito;
No Filho maldito perdido nos becos; no Homem utente das ruas;
No Anfíbio da lama dos guetos.
No Filho maldito perdido nos becos; no Homem utente das ruas;
No Anfíbio da lama dos guetos.
Onde 'stou? 'Stou 'Stou e não sou!
Eu hoje sou o Nada. Nada sou! Nada sou!
Nem mesmo a vergonha mais vil do homem.
Nem mesmo O "Sol" – apenas Um -: sou [O] Tudo;Eu hoje sou o Nada. Nada sou! Nada sou!
Nem mesmo a vergonha mais vil do homem.
Nem mesmo O "Pó" – apenas Todo -: sou Um.
Oh! Onde 'stou? Não 'stou quando 'stou na Matrix ilusória que desagrega-me os humanos sujeitos sem igual do Não ser O real sem valor;
Onde O Eu maldizente e os Outros Eus obedientes desobedecem os obedecidos e os deuses esquecidos.
Oh! De resto,- humano -, quando diante da Vida e da Morte, me for em vão toda a paisagem estendida pro norte;
Quando o Nada estiver acima de tudo, e me arda a força do punho no peito;
Quando a terra me puser pedra nos pés, e o céu venda nos olhos;
E quando os soluços revirarem-me à dor na garganta, e tudo for apenas o quê dos meus sonhos o Mundo restou?
Lá fora por sorte 'stará o amanhecer da vida sorrindo-me;
Ou, o choro-gemido do entardecer da vida dentro da Morte.
Ó nada temer além de mim... Ó nada a temer!
Nem dos Homens desgraçados que somos; nem dos Deuses Astronautas de Von Däniken; nem da Terra frouxa ferida por máquinas à espreita por Nós!Já revelei noutra oportunidade que sou admirador da poética de Manoel Serrão. É-me – aos meus olhos – provavelmente, o poeta mais complexo do Maranhão, na atualidade. Dono de uma larga obra (toda ela socializada na Internet), Manoel Serrão, desde que tive a primazia de conhecê-lo, “espanta-me” com os seus versos, e muitas vezes, me conduz a reflexões dialético-materialista-fenomenológicas.
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