EMILY CAMARGO DO NASCIMENTO

EMILY CAMARGO DO NASCIMENTO

Fã de Edgar Allan Poe, escrevo contos de amor e suspense.

1998-05-19
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Chamas do sonho

Prólogo:

O ar era pesado, me sentia cansada e ofegante. A paisagem era cruelmente cinza e amarela, completamente sem vida, apocalíptica. Atrás de mim dez pequeninos tão perdidos quanto eu, lutavam bravamente a batalha da vida, ansiavam por mais um dia, mais uma refeição. O sol era escaldante por isso tínhamos que nos enrolar em trapos para não queimar a pele. A maioria dos pequenos não se lembrava de como era a vida antes daquilo. Antes do sol começar a explodir.

Sete anos atrás uma explosão solar havia lançado uma quantidade extrema de radiação UV nos planetas mais próximos de sua órbita. Mercúrio fora engolido pelas chamas. Vênus agora ardia com uma grande massa quente, e a terra, nossa querida e viva terra, assava lentamente. A maioria dos seres morreu, principalmente os senhores do planeta, os seres humanos. Restavam poucos guerreiros como eu e minhas crianças que ainda pelejavam no ambiente mais hostil.

Os grandes senhores, ricos e poderosos do mundo, migraram em naves particulares rumo ao satélite Europa de Júpiter, seu objetivo era reiniciar a vida colonizando a distante lua. Eu tinha pena dos futuros Europeios que seriam gerados em ventres corruptos e gananciosos. Fomos deixados para morrer.

Há dias não tínhamos comida, e a pouca agua era racionada para que todos bebessem igualmente, estávamos cansados, procurávamos por um abrigo vazio dentro de grutas e cavernas. Apesar de parecer simples encontrar cavernas vazias, naquele momento era a tarefa mais complicada, uma vez que elas, principalmente as profundas e subterrâneas serviam como fortes bloqueadores de radiação e poderiam ser capazes de conter água em abundância.

Semanas atrás nossa caverna havia sido tomada por uma tribo de homens robustos, não pudemos lutar e fomos despejados à nossa própria sorte. Pode parecer brutal expulsar mulheres e crianças de seu abrigo, mas não em dias como este, nestas situações, a única coisa que importa é a própria sobrevivência.

Ouvi um barulho seco. Olhei para trás e vi o garotinho Enzo esparramado no chão de areia a alguns metros de distância de onde eu estava, ao lado dele estava Manuel, um dos meus garotos mais velhos gritando e fazendo sinal para que eu fosse até ele.

-Rose! Rose! Ajuda aqui, por favor! Ajuda!

Eu corri em direção à ele, meus pés espalhando areia para todo lado, meu coração acelerado, minhas mãos estavam tremulas. Cheguei bem pertinho dele e vi o quanto ele estava magro, seu corpo continha algumas feridas de excesso de exposição ao sol, não muito diferente do resto de nós. Meus olhos lacrimejavam, Manuel gritava. Ele não parecia respirar, comecei a tremer ainda mais. Resolvi checar o pulso.
Logo atras dos meninos vi quando Fernando veio correndo em nossa direção.
Fernando é formado em medicina e lecionava na universidade de Crane no passado. Hoje ele é um protetor para todos nós, e nos acompanha desde quando isso tudo começou.



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