Adriano Moreira

Adriano Moreira

1969-09-08 Caxias do Sul
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TÉTRICO

Tétrico sonho desvanecido,

pífio sorriso assombrado,

um brado, um lapso,

teu rosto de nuvem itálica,

tua breve e suave eutanásia,

agora somente o silêncio brada,

implora a minha presença,

o céu de veludo dorme eternamente,

como píncaro tétrico,

somente ouve-se o doloroso silêncio,

sinos a triscar em tua mente,

o sono devora tua insânia,

eterna saudade do elísio campo,

teu corpo de seda dorme,

como suave crepúsculo,

em teu catre sepulcral,

na fatídica noite do teu ser,

ouço o gemido do ar, do tolher,

ressôo de harpas asfalticas,

vejo teu rosto partir,

embevecido de madrugada,

o sono cético leva-te,

a treva cobre teu rosto,

corre selvagemente em teu ninar,

horizonte ríspido e sem cor,

só a dor, só a insignificância,

somente o arrebol como testemunha,

do doloroso e triste fim.

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