Luzia Magalhães Cardoso
Sou nascida e criada no Rio de Janeiro e a poesia entrou em minha vida, assim, meio como quem não quer nada e foi ocupando o espaço... Criando raízes...
1961-03-26 Rio de Janeiro
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Suspiro
É o botão de qualquer erva. É a flor que ninguém cheira.
Murcha, cai e o rio leva. Frio, a deixa em sua beira.
Com o vento, voa longe. Solta, cai na ribanceira.
É o pouso do pardal, sob o sol de todo dia,
lá no galho da figueira que as trevas anuncia.
Não há olhos que o notem como tema da poesia.
É a criança na calçada, encolhida, sem carinho,
cujas lágrimas caíram apontando como espinhos.
Dela, passos se aproximam, assombrando seu caminho.
É o respingo, gota d’água, só mais um na tempestade.
Pinga quieto e só inquieta quando molha a autoridade.
É perene, logo seca sem fazer qualquer alarde.
É da rocha o cascalho que se solta no aloite.
Rola a estrada, dura e crua, destroçado com o açoite.
Vira pó que some ao tempo, invisível dia e noite.
Luzia M. Cardoso
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