Luzia Magalhães Cardoso
Sou nascida e criada no Rio de Janeiro e a poesia entrou em minha vida, assim, meio como quem não quer nada e foi ocupando o espaço... Criando raízes...
1961-03-26 Rio de Janeiro
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Olhos para Olhar
Teus olhos abertos, marcados, \
envoltos em medo e rancor,
trancados no vão do passado, \
espiam à fresta da dor...
Teus olhos abertos, sangrados, \
receiam agora enxergar
um certo olhar sorridente \ que se arrisca ao teu ponto de olhar.
Teus olhos abertos, nublados, \
não veem que a noite passou,
não veem o sol no horizonte, \
nem que a fonte de teu pranto secou.
Ah, talvez devesses fechar \
estes teus olhos cansados,
rasgar o véu acinzentado, \
drenar todo o amargo do olhar.
Talvez, de olhos fechados, \ não só no ato de amar,
não só à entrega do sono, \
não só ante a luz solar,
tu possas os outros enxergar.
Quem sabe, agindo assim, \
enxergues além de ti.
Quem sabe, de olhos fechados, \
enxergues aquela ternura
dos olhos que querem te olhar.
Luzia M. Cardoso
Obs: Alterei, aqui, a formatação original do poema para que ele possa ser lido na íntegra, por quem acessar o livro. Cada verso está indicado por \.
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