Ponta da língua
Desenha-mo-nos
lentamente
percorrendo flancos
lambendo o desejo
que corre pela pele.
Desejo-te!
Arrepio-te a vontade
de me teres agora
toda.
Deseja-me!
Arrepias-me vontade
de te ter agora
todo.
Bebo-te!
Bebe-me!
Cresce a ânsia
de te desenhar
de me desenhares
com lápis de cera de lua.
As bocas são o palco
onde as línguas vão dançando
ao nosso sabor
sem critério...
Esboçam
o abrir das minhas pernas
o afastar das tuas
e as línguas
percorrem-nos
bailam em nós
ávidas!
Cai amor pelo chão
enquanto nos tocamos.
Néctar!
Pingam gestos
estalactites
na gruta onde nos escondemos.
É de pó
de cumplicidade
esta delícia que bebemos
celebrando as festas
das danças dos corpos
desenhados pelas nossas línguas.
À flor da pele
da minha
semeias arrepios.
À entrada da pele
da tua
deponho este frio
moldado
soprado a quente.
Amaciamos o silêncio
num jogo de luzes
de olhares.
Recolhe-te em mim.
Vem passear-te
sulca o trilho
percorre-me
deixa que eu use e abuse
que de todo me lambuze
te levante cada pedaço de pele
pousando neles
meus olhos nocturnos
te percorra os silêncios
com os meus gemidos
me derrame
me desnude
mas
no instante em que nos despirmos
vamos vestir-nos
tu
eu
tanto
de nós!
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