Lucas  Garcia

Lucas Garcia

Professor de Língua Portuguesa, formado em Letras pela Faculdade de Ciências e Letras Unesp - Assis/SP.
Amante da Literatura e das demais artes.
Buscador, aprendiz e eternamente incomodado com a minha própria ignorância.
Jovem e ranzinza.

1997-07-29
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O que fazem as pedras quando não olhamos?

Fico passando ao lado das pedras

Para ver se elas decidem ser coisas.

Alguma coisa ou coisa alguma,

Como o velho Eustáquio dizia que era,

Porque os outros diziam dele,

Ele mesmo fazia era só confirmar,

E pulava bicho.

Pulava sapo,

Pulava gato,

Pulava cabra, mas não era por doidura,

Era porque gostava de ser coisa alguma.

Também jogava pedras

Não nas pessoas, na água.

Doidura é não jogar pedra a água.

Mas não me deixavam, por não querer que eu fosse

Coisa alguma.

Vovó, que não deixava eu jogar pedra na água,

Era mais doida ou menos doida?

Só sei que passo olhando as pedras,

De rabo de olho,

E elas insistem em se fazer de sonsas,

Como é costuma das pedras.

Se eu fosse o Buda, zas!

Era rapidinho essas pedras nasciam gente,

Pulando tudo que é etapa de evolução

Igual uma pipoca metafísica,

Atalhando gerações num pisco.

As pedras do Eustáquio pulavam umas vinte vezes.

As pedras pelas quais eu passo se mantêm imóveis

À moda de pedra, mesmo.

Deve ser porque são pedras,

Ou porque eu não sou Buda,

E Nem o Eustáquio,

Que fazia as pedras pularem na água umas vinte vezes.
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