Dançando com a Obsessão

Ele queria prendê-la. 
Novamente. Como sempre fazia.
A machucava intencionalmente, para tê-la para si.
Era uma armadilha, um labirinto sem saída. 
Ele disse: - Você não pode ir. Sem mim você não é nada!
 - Por favor! Estou cansada. Essa noite sonhei com a liberdade. 
Mas, novamente suas palavras se esvaíram no ar.
Ela dançava conforme a música dele ditava.
Não podia sorrir e nem ao menos compartilhar seus desejos.
No fundo ela o amava e ele a dopava de obsessão. 
Não havia percebido o momento em que ficou cega. Apenas se viu sozinha, olhando para a parede. 
Tentou por vezes mostrar sua força. 
Em vão, pois sempre terminava em sangue.
Sua pele era ferida, juntamente com seu coração. E caminhava de volta, juntando seus pedaços. 
Até que, em um belo dia, todo sofrimento se apagou.
Talvez, por misericórdia divina, ele deixara de existir. 
E ela pôde voltar a sorrir novamente.
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