Dama do Vento

DAMA DO VENTO

Foste um rabisco de eternidade,
Oculta dentro da finitude de todas as coisas,
Um corpo de luz,
Viajando pelo oceano do mundo,

A delicadeza de sua presença,
Enchia meu frêmito coração,
Com todas as cores que se pode pintar o paraíso,
E no desenho de suas curvas,
Deixei ficar o naufrago de minhas preces,

Era meu encontro e,
Ao mesmo tempo,
Minha fuga,
O arroubo do frescor da vida,
O caos dentro da paz,

Confiei a ti todos os desejos,
Dissimulei o medo de sua partida,
Tentei tocar o imo de sua alma,
Deixei a ilusão ser nosso grande sabor,
Mas éramos a realidade que bate à porta,

Você é a dama do vento,
Ninguém a tem,
Escapa pelas frestas,
Foge pelo ar,
Se mistura com as nuvens,
Com o perfume das coisas,
És a primavera das flores,

A tempestade das ondas,
A liberdade das asas,
A libido da Afrodite,
És o dia dentro da noite,
A chama de seus olhos em fulgor,

Imersa em sonhos de delírio ardor,
Ainda incendeias a planície de meu coração,
Contudo, não sem menos amor,
deixo-te ir, indomada alma,
pois a você nem o tempo pode conter
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