Como pisca-pisca
Quando te conheci,
a primeira coisa que me prendeu
foi seu olhar.
Era um olhar profundo, distante,
tinha uma certa tristeza, um certo vazio.
Quando cruzou o meu ficou tímido,
porém, intencional.
O meu olhar alegre ficou brilhante como pisca-pisca.
Te encarou e você ficou mais tímido ainda.
Seu olhar então ficou aceso e buscou o meu,
aos poucos foram se acostumando e cada vez mais,
um buscava o outro.
O tempo passou,
o meu olhar se derreteu,
mas o seu estava distante.
Meu olhar te sorriu com carinho,
permaneceu, fixou no seu.
E depois de muito tempo sem resposta,
se transformou em agonia e dúvida,
enquanto o seu permanecia inerte.
Num dia comum, já cansado,
meu olhar ouviu meu coração.
Implorou.
E ao olhar novamente,
não conseguiu reconhecer o outro,
parecia que o encanto do vazio
já não fazia mais sentido
e agora se via apenas a indiferença.
Neste momento, meu olhar buscou a si mesmo
e viu que precisava de brilhos mais aconchegantes
e tranquilos, que o fizessem se sentir brilhantes
como pisca-pisca.