Emily Dickinson
Emilly Elizabeth Dickinson foi uma poetisa americana, considerada moderna em vários aspectos da sua obra.
1830-12-10 Amherst, Massachusetts, EUA
1886-05-15 Amherst, Massachusetts, EUA
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Alguns Poemas
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Emily Dickinson passou quase toda a vida dentro da casa paterna em Amherst, Massachussetts, e seus 1.755 poemas, com exceção de uns poucos, só foram conhecidos depois de sua morte. A estranheza e a absoluta liberdade gramatical de sua linguagem eram tão radicais que seus primeiros editores acharam prudente emendar e “melhorar” o texto. Como era possível publicar aquelas frases que se interrompiam do nada e pareciam não terminar, que oscilavam num ritmo “espasmódico” _disse o primeiro editor, Thomas Higginson_, com uma pontuação fora dos padrões e uma dança (do intelecto) que não seguia os passos da época? De fato, Emily causou e causa ainda hoje uma impressão indefinível, difícil de expressar: algo que se aproxima do assombro. “Tudo em Emily é paradoxo”, cravou Augusto de Campos na apresentação que escreveu para sua antologia de 45 poemas (Emily Dickinson: Não sou ninguém, Ed. da Unicamp, Campinas, 2008, p.11). Concentrada, elíptica, desconcertante, sua poesia admite uma possibilidade inesgotável de leituras. Os versos breves, cortados por sinais que lembram travessões, cheios de palavras começadas por maiúsculas, podem saltar sem mediação do mais coloquial ao formal, da mais profunda quietude ao desassossego intenso. Talvez um “sereno desespero”, como diz um verso de Giorgio Caproni. Por isso traduzi-la requer paciência, uma escuta demorada e certo pendor ao risco. Nesses meses em que lemos, discutimos (divergimos, concordamos) e experimentamos reescrever estes poemas em nossa língua, tentamos não domesticar as estranhezas de Emily, mantendo tanto quanto possível as marcas de seu idioleto, de sua língua própria _apropriada. Mais que tudo miramos o ritmo, os saltos, as suspensões, os silêncios. Recentemente Paulo H. Britto mostrou como é complicado trazer Emily Dickinson para perto de nós (A tradução literária, Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 2012, pp.134-145). Perto ou longe, aqui está ela.
Maurício Santana Dias & Silvana Moreli Vicente Dias