Alguns Poemas
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Jornalista de profissão, tendo feito parte do quadro do jornal República, Eduardo Valente da Fonseca pratica nos primeiros livros uma poesia de tipo discursivo, uma quase reportagem do ambiente socio-cultural urbano da década de 50 em Portugal, misturando a uma tonalidade modernista e cosmopolita alguns tópicos neo-realistas difusos. Poeta com uma nítida influência pessoana, que se pode no entanto cindir pelos universos de dois dos heterónimos: de facto, se o autor de Poemas (1956) cultiva o universo urbano, veloz e reflexivo de Álvaro de Campos, considerando falaciosos poemas como «O Guardador de Rebanhos», já o de Mitologia do Nosso Cotidiano (1959) acolhe no mais íntimo a lição de Mestre Caeiro: acolher o natural, o básico, o universo rural e simples, «porque me é ao alcance das mãos / e é fresco e saboroso e profundo e humano.» Nota-se desta forma uma desaceleração global de ritmos e necessidades, uma desaceleração até do discurso, que se depura à medida desta nova fase, passando-se da atormentada urbe a um refúgio bucólico e sensual «onde a velocidade começa a ser inútil.»