Autores Lista de autoresPoemas
Antonio Fernando De Franceschi

Antonio Fernando De Franceschi

Antonio Fernando de Franceschi foi um poeta, crítico e jornalista brasileiro.

1942-11-27 Pirassununga SP
11062
2
2


Prémios e Movimentos

Jabuti 1988

Alguns Poemas

Corpo

"... o único roteiro é o corpo. O corpo."
João Gilberto Noll


o corpo quer ordena sem recusa da vontade
a implacada ira seu domínio sabe altíssimo
sobre toda resistência quer o corpo em sanha
o outro corpo que no enlace o corpo assanha
e é fúria o doce nome seu jubiloso corpo
livre de amarras ou temores na aguda hora
que sempre mais e muito o infrene corpo quer
e a seu regaço incita em febre o corpo alheio
e logo é quieto o escuro abismo intranscendido
pois só o corpo aplaca o corpo em seu roteiro


In: DE FRANCESCHI, Antonio Fernando. Caminho das águas: poemas. São Paulo: Brasiliense, 1987. Poema integrante da série Em Campo Aberto

Capitão Blood

no assalto
em que me lanço
temeroso
ancas acima
desato ao vento
dorso e cabelos

mas teus velames
travo firme
sustenidos
em meu medo:

a que porto
afinal
me destina
esta viagem?

em que ilha
me socorro
se o mar
me der vertigem?


In: DE FRANCESCHI, Antonio Fernando. Caminho das águas: poemas. São Paulo: Brasiliense, 1987. Poema integrante da série Em Campo Aberto

Geografia

"... Touch me, touch the palm of your hand
to my body as I pass..."
Walt Whitman


O leve arrepio de tuas mãos
me comanda suave
sigo-te pelos lugares de mim
que não conheço
amanheço-me vales
me percorro colinas
sou o campo em que te apraz
me transformares
ou senda perdida
num dorso de montanha

Me desvelo geografia
ao teu desejo
qual queiras
para colher-te em prados
ravinas
e na fina erva que me cobre o peito
te sentir os dentes
palmo a palmo cortando rente
sem pressa de me cegares
no olho da paixão


In: DE FRANCESCHI, Antonio Fernando. Caminho das águas: poemas. São Paulo: Brasiliense, 1987. Poema integrante da série Em Campo Aberto

Giga

"Love is unhappy when love is away!"
James Joyce


escura a sina de quem ama
e entra inteiro nessa trama

pois sendo o amor ardida chama
mais machuca quem mais ama

e não acalma quando queima
no abrasado peito a dor insana

saber que o fogo apaga um dia
e que esse dia não demora

porque o amor mesmo doído
nunca morre em boa hora


In: DE FRANCESCHI, Antonio Fernando. Caminho das águas: poemas. São Paulo: Brasiliense, 1987. Poema integrante da série Em Campo Aberto.

NOTA: Referência aos sonetos [Amor é fogo que arde sem se ver;], de Camões, e "Soneto de Fidelidade", do livro POEMAS, SONETOS E BALADAS (1946), de Vinicius de Morae

Palavra

— branco sobre
o branco
Orides Fontela

mesmo
o branco absoluto
intransparece
se escrevo:
branco
sobre a página

consumada
a palavra rompe
a virtual nudez

e turva
macula
para dar-se à luz

pois sendo luz
é também
perda
ruína
derrelição


In: FRANCESCHI, Antonio Fernando De. Sal. São Paulo: Companhia das Letras, 1989. p. 141. Poema integrante da série Fólios

Esteio

te palmilho
perfiladas coxas
contra vento e marés

te percorro
mediterrâneo
promontórios

te amparo a fronte
e o espasmo
— ato final


In: DE FRANCESCHI, Antonio Fernando. Caminho das águas: poemas. São Paulo: Brasiliense, 1987. Poema integrante da série Em Campo Aberto

Sílex

face angular
que cavo a talho
esta em que me mudo
reiterado
cópia provável de mim
no mudo rosto
e abrasado golpe
que desfecho:

minha antes não fosse
a dor
e a mão crispada
que desce
fere
e me desvela pedra


In: DE FRANCESCHI, Antonio Fernando. Sal. São Paulo: companhia das Letras, (1989). Poema integrante da série Perfis em Pedra.

Garça

1.

de relance
mero
surpresa
é te colher
em vôo:

o já fugaz
— ponto:

em riste
no horizonte

2.

a penas
te desenho
em derrisão:

asas taorminas
securas
branco arco sob o céu

3.

pelo estuo das águas
astúcia:

flaminga?
flamínia?

no claro em pluma
alvejo sem rasura
a branca garça
em sua alvura


In: DE FRANCESCHI, Antonio Fernando. Sal. São Paulo: companhia das Letras, (1989). p. 55-57. Poema integrante da série Poemas ao Natural.

Serpente

cauda e dente
inteira
se morde
a serpente
lenta se devora
ao norte
funda se engole
ao sul
e nada sobra
de uma e outra
a que come
e a comida
mais que a mesma
ancestral serpente
e a infinda fome
que a devasta
e nem morta
de si mesma
se sacia

In: DE FRANCESCHI, Antonio Fernando. Caminho das águas: poemas. São Paulo: Brasiliense, 1987. Poema integrante da série Silva Rerum
Antonio Fernando de Franceschi (Pirassununga SP, 1942), economista formado pela Universidade de São Paulo, trabalhou, a partir de 1980, como editorialista e diretor de redação da revista IstoÉ; nos anos seguintes, publicou críticas em diversos periódicos. Em 1985 foi lançado Tarde Revelada, seu primeiro livro de poesia, pelo qual recebeu o Prêmio Jabuti de Revelação de Autor. Em 1988, ganhou o Prêmio Jabuti de Poesia pelo livro Caminho das Águas (1987) e, em 1990, o Prêmio Cassiano Ricardo de Poesia, pelo livro Sal (1989). Publicou ainda Fractais (1990) e A Olho Nu (1993). Franceschi faz parte da geração dos chamados poetas "Novíssimos"; sua poesia, em que é freqüente a alusão a figuras históricas e mitológicas, foi definida como “exata”, “precisa”, pelo escritor Caio Fernando Abreu.
O QUE É POESIA - Antônio Humbeto & Antonio Fernando de Franceschi
Quartas de bolso - 2a Edição - Homenagem a Antonio Fernando de Franceschi, com Claudio Willer (2015)
OS DENTES DA MEMÓRIA: ROBERTO PIVA, CLAUDIO WILLER, ANTONIO FERNANDO DE FRANCESCHI E ROBERTO BICELLI
Os limões
HILDEGARD ROSENTHAL Cenas Urbanas
Breton na Casa Verde
C. F. Defranceschi, Profondeur suggérée
"Poema sujo", por Ferreira Gullar
Poetas contemporâneos recitam poemas que os inspiram
Carlo Francesco Defranceschi - Seguidilla for Voice and Guitar [Score-Video]
ESPAÇO ABERTO LITERATURA - 'BEATNIKS' FAZEM POESIA LÍRICA COM DOSES DE SURREALISMO
Lançamento dos livros "Lógica Simbólica" e "Dialética das Consciências"
Roberto Piva - A Piedade
EL CRIMEN DE IZQUIERDA ACABÓ CON VENEZUELA | Lunes Ácido | Con Alberto Franceschi
Vicente Fernandez - Sangre Caliente
"¿QUÉ VINCULA AL CHAVISMO CON EL ASESINATO DE FERNANDO VILLAVICENCIO EN ECUADOR?" | Los Repúblicos
78 RPM - Antonio Cortis (Tenor) - Nessun Dorma (1929)
Carlo Francesco Defranceschi - Marcello Rivelli - Profondeur suggérée
65 baritones sing the low A from "Eri tu" (Verdi's Un ballo in maschera)
Catalano Antonio VS Munna Salvatore - Campionati Italiani Carambola 2022/2023 - Calangianus
Ivan Ronda - 'Komm, süßer Tod' BWV 478 arranged for pipe organ by Carlo Francesco Defranceschi
Massimo Agostinelli and Chiara Guglielmi play live Anton Carlos Jobim: Samba de uma nota só
Una Vieja: Cavatina
80 baritones sing the high G from "Eri tu" (Verdi's Un ballo in maschera)
Manha de carnaval Black Orpheus Bossa Nova jam Session
Sobre o amor: Antônio Veiga at TEDxSaoPaulo
Canta italia mix popolare fisa Mr. Fernando tel.328.1071643
Exposição Arte da Alma
Antonio Cortis - Ah, dispar vision
Preludio from Bach's Suite 997 performed by Antonio Fiorentino
Difunden audio: "Mañana va a ser como el 11 de abril"
Fernando Arancón: "La maniobra de Guaidó da tiempo al oficialismo para defenderse"
ANTONIO JOSÉ DE SUCRE, EL GRAN MARISCAL | El Corito Histórico | Doriann Márquez y Javier Lara.
Trailer Luces de Tango - Primer encuentro de tango-teatro-performance en Madrid
Francesco Napoli - Balla1,2,3 mix Completo
O Século XXI me dará razão (se tudo não explodir antes), de Roberto Piva
Leyenda (Remastered)
Aldo Sinnone, Enrico de Franceschi e Lyana Grani in estratti del Rigoletto.
La increíble historia de Francisco de Miranda y la Revolución Francesa
PODCAST - SOMOS MÚSICA - EP10 - José Antonio Boldrini
Los Pretendientes A La Corona de México en CASI 19 MINUTOS - México Historiador
Otello: Si Pel Ciel
hoy quiero confesar - jose alberto el canario
artmirc-Cufarul cu Diamante...-PIERO della FRANCESCA-(1416 +1492) PICTOR ITALIAN-P.2_2017
FERNANDO OTERO - DOCE - For Guitar - Score Video - Adam Tully on Guitar - Classical Guitar -
Otello (Giuseppe Verdi), atto 1º. Con Francesco Merli, Enrico de Franceschi e Delia Sanzio
EL PAIS EN MANOS DE REPUBLIQUETAS #16Abr Alberto Franceschi
ÓIA QUE PERIGO 🤣🤣 #shorts
Igor Bueno - Seus Cabelos (Igor Bueno)
Antonio Cortis - «Un español que viene» (“Una vieja”, 1925)

Ver também

Quem Gosta

Seguidores