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Alfred Starr Hamilton (1914-2005) foi um poeta estadunidense nascido em Montclair, Nova Jersey. Apesar de ter escrito centenas de poemas em sua vida, apenas uma pequena porcentagem encontrou seu caminho ao prelo. Seus poemas foram publicados em revistas e jornais durantes os anos 60, 70 e 80; dois livretos, The Big Parade e Sphinx; e uma coletânea, The Poems of Alfred Starr Hamilton.
Em uma cultura que propicia a celebrização efêmera e o descarte contínuo, torna-se cada vez mais difícil convergir olhares para um poeta obscuro como Hamilton. Tímido e marginal das correntes literárias de que foi contemporâneo - L=A=N=G=U=A=G=E, New York School e Black Mountain College, para "citar as mais citadas" - seu trabalho ainda não foi valorizado pela crítica do prestígio. Situação semelhante às suas conterrâneas Alice Notley e Bernadette Meyer; o canadense bpNichol; e as brasileiras Stela do Patrocínio e Maria Ângela Alvim.
Unindo anáforas coloquiais à sua preferência por palavras poeticamente recorrentes como lua, luz e pássaro, o poeta produz textos em que é possível estabelecer conexões desde Konstantínos Kaváfis até Frank O'Hara, passando por jogos de linguagem característicos de Wittgenstein, Samuel Beckett e Gertrude Stein - onde a mensagem repercute-se até a exaustão, em busca da perda ou soma de sentido. Operações que catapultam seus poemas para a releitura, dentro de um complexo binário que não só atualiza o virtual como também tangencia interpretações típicas do alto modernismo: os limites entre sujeito e objeto, a alienação da propriedade e o solipsismo.
Sua sintaxe surrealista sugere paralelos lusófonos com Mário Cesariny e o idealismo alemão de Hegel: o aqui, o agora; o hoje, o amanhã; a absorção do universal através do singular e vice-versa.
"O eu é apenas universal, como o agora, o aqui ou o isto, em geral. Eu viso um eu individual, porém tão pouco posso dizer o que vejo no agora e no aqui quanto o posso dizer no eu. Dizendo isto, aqui, agora, ou um ser singular, digo todos os isto, aqui, agora, seres singulares. Igualmente quando digo eu, esse eu individual-aqui, digo em geral todos os eu; cada um deles é exatamente o que digo: eu, esse eu singular aqui."
Com a morte do poeta em 2005, conclui-se uma obra que perpetua a poesia lírica em sua melhor forma e fôlego: possível, real e presente.
Necessária.
--- Rubens Akira Kuana